O pênalti vem se apresentando para o futebol moderno como um dos momentos mais importantes em uma partida de futebol, pois a partir dele pode se determinar o resultado de um jogo. Dada sua crescente importância, diversos estudos têm buscado examinar diversos aspectos para o sucesso/insucesso na cobrança de pênaltis. A cobrança de um pênalti perfeito foi sugerida, especificamente, em uma situação de bola chutada com velocidade aproximadamente 80km/h e direcionada em um dos cantos superiores à aproximadamente 1 metro de distância do canto superior, o goleiro não teria tempo hábil para alcançar e interceptar a trajetória da bola. A possibilidade de realizar o pênalti perfeito e obter sucesso indica uma possibilidade de especificidade obtida a partir de treinamento e que, para direcionamento da bola para os locais “alvos” depende da informação visual. Infelizmente, pouco tem sido verificado sobre as estratégias do olhar do cobrador de pênalti. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar o movimento dos olhos do cobrador, momentos antes e durante o chute, e buscar relações com o desempenho da cobrança. Para tanto, participaram deste estudo cinco adultos jovens do sexo masculino, média de idade 21,8 ± 1,65 anos. Participantes foram instruídos a realizar 15 cobranças de pênaltis seguindo as regras vigentes para o futebol na direção de dois alvos demarcados em cada canto superior do gol (dois retângulos de carpete pretos 1,80m X 1,60m com um círculo branco de 34 cm no centro). Para o rastreamento do movimento dos olhos foi utilizado um sistema de rastreamento dos olhos (Eye Tracking Glasses – ETG 2.0 - SMI). As 15 cobranças de pênaltis foram alocadas em 3 blocos: 5 chutes a escolha do batedor; 5 chutes no alvo esquerdo; 5 chutes no alvo direito. Após os chutes, os movimentos dos olhos foram analisados considerando os pontos de fixação do olhar nas três fases da cobrança (momento antes do chute, durante e após o chute). O critério de desempenho do chute foi que a bola atingisse o retângulo afixado nos cantos superiores do gol. Em todas as cobranças, o cobrador fixou alvo pretendido antes de início do chute. Com o início do chute, o olhar foi direcionado para a bola e, quando isso ocorreu, a tendência foi a cobrança atingir o alvo. Os resultados indicaram que nas cobranças que o batedor tinha a escolha do direcionamento da bola 60% das cobranças atingiram o retângulo de carpete preto e somente 12% atingiram o alvo branco. Para as cobranças direcionadas para o alvo direito 80% dos chutes atingiram o retângulo preto e nenhum chute atingiu o alvo branco. Para os chutes em direção ao alvo esquerdo, 76% das cobranças atingiram o retângulo preto e 12% atingiram o alvo branco. Quando todos os chutes foram analisados, foi observado que a bola sempre foi encaminhada para o último alvo que o batedor visualizou. Estes dados preliminares indicam um padrão de direcionamento do olhar e que esse padrão apresenta alguma relação com o sucesso do chute.