No panorama epidemiológico mundial, o Brasil se encontra junto com o Vietnã, na terceira posição em número de acidentes com serpentes peçonhentas. Ainda que os números de notificações sejam alarmantes, aspectos como o acesso ao tratamento, qualificação dos profissionais de saúde e pesquisa epidemiológica, são negligenciados pelas políticas públicas de saúde. Sendo assim, esse estudo objetiva traçar o panorama nacional epidemiológico de acidentes ofídicos notificados nos anos de 2000 a 2018, no Brasil. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e epidemiológico. Os dados foram coletados do site do Ministério da Sáude. O Brasil notificou 500.901 casos de acidentes ofídicos nos anos de 2000 a 2018. A região norte teve a maior incidência com 151.889 notificações; 2018 foi o ano de maior incidência (9.580), e o estado do Norte (Pará), com 83.964 casos. Em relação à incidência por 100.000 habitantes, os dados obtidos provocam alterações. O Norte continua com a maior incidência (52,7), entretanto o estado é Roraíma (100,8); Centro-oeste (16,6) antes o terceiro estado com maior número, agora é o segundo; Mato Grosso (29,3) se mantém; Nordeste agora em terceiro (13,0), com Maranhão em vez da Bahia (25,2); Sudeste continua como um dos estados de menores índices (8,0), já o estado é Espírito Santo, e não Minas Gerais (23,6) e, por fim, o Sul (7,7), com Santa Catarina (9,2), antes Rio Grande do Sul. A epidemiologia de óbitos apresenta 1.991 notificações. Os altos números de acidentes ofídicos obtidos para o Brasil evidenciam a magnitude do problema negligenciado, assim como, a necessidade de notificação e preenchimento correto das fichas. Este estudo pode contribuir para uma melhor compreensão da incidência de acidentes com cobras por regiões e estados no Brasil.