A velhice é um conceito complexo que atravessa diversas esferas, dentre essas a cronológica, biológica, social, subjetiva e política. É um período da vida em que ocorrem grandes transformações entre as quais, diversas mudanças físicas, aposentadoria, doenças, afastamento ou perda de pessoas queridas e, às vezes, uma acentuada redução da autonomia e independência em vários aspectos da vida. Estas vicissitudes tendem a corroborar para o desencadeamento do sentimento de solidão e comprometimento da saúde mental dos idosos. No período da pandemia da COVID-19, os idosos foram considerados um grupo social de alto risco, o que os obrigou a manterem-se afastados do convívio social. Este estudo busca compreender em que medida o distanciamento dos amigos e familiares durante a pandemia veio a intensificar o sentimento de solidão para os idosos. Trata-se de um estudo quali-quantitativo aos moldes de uma pesquisa-ação, tendo uma amostra de 58 participantes oriundos de 8 estados do Brasil. Os dados quantitativos foram obtidos por meio de um formulário auto preenchido na ferramenta Google Forms. Considerando que na pesquisa-ação a abordagem coletiva é priorizada, utilizou-se também uma roda de conversa (via Google Meet) com 5 idosos, por ser esta uma metodologia participativa que consiste na criação de espaços de diálogo, em que as pessoas se expressam, escutam a si e aos outros, estimulando assim a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização e do compartilhamento de informações. Para a interpretação dos dados, realizamos a análise de discurso para identificar os mecanismos de produção de sentido utilizados pelos idosos na formação do discurso. Os dados apontam para uma desmistificação do caráter exclusivamente negativo referente ao isolamento devido à pandemia. Apesar das limitações impostas, os idosos mostraram-se ativos, interessados em construir e manter relações afetivas e vivenciar as surpresas e esperanças de um porvir.