O presente texto articula-se com a proposta do produto final de uma pesquisa de Mestrado profissional. Na referida pesquisa, que apresentou uma investigação sobre os portfólios produzidos, entre os anos de 2014 e 2015, pelos bolsistas de Iniciação à Docência (ID), dos subprojetos de Biologia, Física, Matemática e Química, do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), notou-se a falta de material específico de orientação para a produção desses portfólios. Como o registro das atividades vivenciadas pelos bolsistas de ID colocava-se como uma exigência legal do programa, as propostas contidas no produto da pesquisa exploraram algo que pudesse indicar caminhos, estratégias e/ou orientações para que os registros fossem mais que uma formalidade a ser cumprida. Na construção das propostas para um texto de orientação como produto da pesquisa, surgiu a ideia de divulgação das informações em outros meios como livro e eventos científicos. Assim, este resumo expandido traz as sugestões construídas durante e após a pesquisa na tentativa de ser mais um material de apoio a coordenadores, professores e alunos que lidam com a formação docente, dentro e fora do Pibid, como uma colaboração da pesquisa realizada. Como suportes teóricos foram adotados autores com pesquisas e estudos em reflexividade e professor reflexivo, como Pimenta (2012) e Libâneo (2012), que trataram de conceitos e críticas sobre este tema. Para delimitar o que se entendia como o uso de Portfólios numa proposta de registros reflexivos, teve-se como suporte teórico as pesquisas de Amâncio (2011), Silva e Sá-Chaves (2008), Araújo (2007) e Nadal Gomes, Alves Pessale e Papi Gomes (2004). Para a abordagem da autoria foram adotados referencias teórico-metodológicos, num viés da Análise de Discurso, de linha francesa, inspirados nos estudos de Orlandi (2005, 2010, 2011), Bressan (2009), Tfouni e Assolini (2006) e Assolini (2003, 2013). Além dos referenciais teórico-metodológicos, as propostas disseminadas como colaboração embasaram-se também em respostas de Coordenadores do Pibid a um questionário sobre o uso dos portfólios no programa. Ao final do produto foram sugeridas algumas propostas para trabalhar com os portfólios para que sejam estratégias de promoção de reflexão e autoria. Para oportunizar o uso dos portfólios como registros reflexivos a sugestão foi o reconhecimento dos princípios eleitos por Sá-Chaves (pessoalidade, autoimplicação na aprendizagem, efeito multiplicador da diversidade, conscientização, inacabamento e continuidade da formação) como norteadores do processo, além de outras questões que foram levantadas para que o caminho de produção dos portfólios fique num rumo de uma reflexividade crítica. Para favorecer a autoria, no viés discursivo, é necessária a assunção da posição de sujeito-autor pelos sujeitos envolvidos no discurso. É imprescindível que não haja apenas a reprodução dos sentidos legitimados pela escola, a reprodução do Discurso Pedagógico, classificado por Orlandi (2011), como autoritário. Assim as propostas caminharam para elencar questionamentos sobre quais são as condições de produção nas quais os portfólios têm sido produzidos e também o uso de atividades de (re)leitura, (re)flexão e (re)escrita para que as formações discursivas e ideológicas venham à tona para o debate. Palavras-chave: Portfólios, Iniciação à docência, Análise de Discurso, Autoria. Referências: AMÂNCIO, Isabel A. P. Portfólio: desafio à prática e à formação docente. 2011. 166f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011. ARAÚJO, Elaine S. O uso do portfólio reflexivo na perspectiva histórico cultural. In: 30ª REUNIÃO ANUAL DA ANPEd. Anais da 30ª REUNIÃO ANUAL DA ANPEd. Caxambu; RBE, 2007. ASSOLINI, Filomena E. P. 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