RESUMO O trabalho intitulado Inserção da Educação Ambiental no Ensino Superior no Contexto do Semiárido, busca compreender em que medida as diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental, estabelecidas pela Lei 9.795/99, estão sendo consideradas pelos Projetos Pedagógicos dos cursos de formação de professores, ao mesmo tempo em que apontamos direcionamentos para que a referida legislação seja efetivada no contexto do semiárido. Com a aprovação da Lei nº. 9.795/99 (BRASIL, 1999) que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) foi estabelecido que a educação ambiental deve ser desenvolvida no ensino formal, determinando, no entanto, que não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino, mas de modo transversal e interdisciplinar. Em relação à formação de professores, a política nacional orienta para que a dimensão ambiental seja incluída nos currículos, admitindo que isto ocorra por meio de disciplina específica. Ao estabelecer os princípios a serem seguidos pelas instituições de ensino no que concerne à educação ambiental como dimensão educativa, a referida legislação orienta para o desenvolvimento de um processo que considere os contextos locais, enquanto um dos princípios pedagógicos da formação. Para além do que está definido na Política Nacional de Educação Ambiental, a forma de inserção da educação ambiental nos currículos tem sido tema de reiterados debates e proposições. Autores como Gonzáles-Guadiano, (2005) e Leff (2004) e Loureiro (2010) defendem a abordagem dessa temática como uma dimensão que permeia e interage com todas as áreas de conhecimento e atividades formativas, e que, portanto, pode transcender a visão compartimentalizada do conhecimento, quando inserida em um projeto acadêmico-institucional que busque a formação levando em consideração a sua totalidade histórica. De certo modo a PNEA ao definir em seus princípios uma educação ambiental pautada na concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; e ainda numa abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais, chama a atenção para essa perspectiva metodológica, ou seja uma educação ambiental contextualizada em todos os aspectos e dimensões. Deste modo, nesse trabalho buscamos contribuir com reflexões que julgamos importantes para que no contexto do semiárido brasileiro possamos viabilizar conhecimentos e práticas de educação ambiental conectadas com as características, sociais, culturais políticas e ambientais dessa região. Ou seja, uma educação ambiental contextualizada no semiárido. Para realização da pesquisa utilizamos como campo empírico, o curso de Pedagogia da Universidade do Estado do rio Grande do Norte (UERN). Os procedimentos de investigação utilizados foram a análise documental centrada no Projeto Pedagógico do referido curso e a revisão da literatura que trata de educação (FRIGOTO, 2003); formação docente (MORALES,2010) e educação ambiental (LOUREIRO; TOZONI-REIS, 2016). A pesquisa objeto desse trabalho deu-se início pela análise da matriz curricular dos cursos de licenciatura por meio de consulta ao site oficial da instituição pesquisada (UERN, 2010). À medida que identificamos a presença da temática ambiental, nas propostas curriculares, selecionamos os cursos aos quais dedicamos à análise. Assim, analisamos os cursos de Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Enfermagem, Geografia e Pedagogia. Nessa avaliação inicial, verificamos que o curso de Pedagogia apresenta uma maior inserção da educação ambiental o que nos conduziu a uma análise mais apurada do seu Projeto Pedagógico e sobre o qual nos detemos neste trabalho. Em nossa análise concluímos que o curso de Pedagogia da UERN vem implementando uma experiência curricular diferenciada ao instituir a educação ambiental como área de aprofundamento de estudos em seu Projeto Pedagógico. Percebemos ainda, que a metodologia proposta pelo referido curso, possibilita uma abordagem integrada da questão ambiental, permitindo o aprofundamento de estudos. Entretanto, registra-se a existência de uma lacuna que é a ausência de uma abordagem contextualizada que considere a realidade do semiárido. Palavras-chave: Ensino superior; formação; Educação ambiental Referências BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, 1999. FRIGOTTO, Gaudêncio. A educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 2003 GONZÁLES -GUADIANO, Edgar. Interdisciplinaridade e educação ambiental: explorando novos territórios epistêmicos. In: SATO, Michèle; CARVALHO, Isabel (Orgs.). Educação ambiental: pesquisa e desafios. Porto Alegre: Artmed, 2005. LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 3. ed. Petrópolis,RJ: Vozes, 2004. LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo Crítica ao teoricismo e ao praticismo na educação ambiental. In: CABRAL NETO, Antônio; MACEDO FILHO, Francisco Dutra de; BATISTA, Maria do Socorro da Silva. Educação ambiental: caminhos traçados, debates políticos e práticas escolares. Brasília: Liber Livro, 2010. LOUREIRO, Carlos Frederico B.; TOZONI-REIS, Marília Freitas de Campos. Teoria social crítica e pedagogia histórico-crítica: contribuições à educação ambiental. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental da FURG. Ed. Especial, julho/2016. MORALES, Angélica Góis Müller. O processo de formação em educação ambiental no ensino superior: trajetória dos cursos de especialização. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental da FURG, Rio Grande, RS, v. 18, p. 283-302, jan./jun. 2009. Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2010.