INOVAÇÃO NAS AULAS DE LITERATURA: O USO DO PODCAST COMO FERRAMENTA DE ENSINO Erika de Souza Luz/erika@ifto.edu.br/IFTO Renata Alexandra Rocha Mendes Nascimento/IFTO Eixo Temático: Processos de Ensino e Aprendizagem com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes. Resumo Este trabalho apresenta uma proposta de intervenção nas atividades desenvolvidas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - Pibid Letras do IFTO-Campus Palmas. O Subprojeto, denominado Ciclo Troiano: Narrativa e Teatro no Letramento Literário do Ensino Médio, busca despertar o gosto pela leitura literária de textos clássicos. A leitura é trabalhada numa concepção dialógica e o discurso é visto como produto coletivo e, portanto, social e cultural. Nesse sentido, percebemos a língua(gem) em constante processo de mudança e a educação deve acompanhar tais modificações. A partir destas concepções, desenvolvemos um trabalho com o Gênero Midiático Podcast, que faz parte do cotidiano de muitos jovens. Preocupa-nos a defasagem observada entre o que a escola propõe como práticas de leitura e escrita e as práticas reais, desenvolvidas em função das experiências, vivências e interesses dos jovens. Os adolescentes estão inseridos em contextos comunicativos que apresentam alternativas mais dinâmicas e prazerosas de leitura e produção, muitas vezes ignoradas ou até mesmo desconhecidas pela escola. A intenção deste trabalho é integrar a aula de literatura, que geralmente é considerada tradicional, sem inovações, com os gêneros digitais, na busca por tornar o processo de ensino mais moderno e dinâmico, visto que as especificidades de leitura e produção nos ambientes virtuais alcançam uma circulação mais rápida e interessante, permitindo a divulgação das diferentes culturas através de produções livres e criativas. Dias (2012) defende que as novas tecnologias de informação, na contemporaneidade, exigem práticas letradas de professores e alunos, momento de inovar as atividades canônicas que ainda perpetuam no ensino. Há a presença, no contexto escolar, de textos multimodais e multissemióticos, que combinam inúmeras possibilidades comunicativas. Visto que o conteúdo digital é um poderoso aliado para o ensino, o estudo dos gêneros textuais e as práticas de leitura podem ser potencializadas se integradas na sala de aula, por este motivo surgiu a proposta do trabalho com o podcast como ferramenta de ensino no processo de aprendizado, visto que a grande parcela dos estudantes realiza leituras e pesquisas na internet. É nesse espaço virtual que os jovens têm maior contato com os gêneros textuais, discursivos e midiáticos, justamente o ambiente no qual o podcast surgiu. Freire (2003) explica que a internet inaugurou novos modos de gerir a informação, produzir conhecimentos e estabelecer relações socioculturais e discursivas. Com a popularidade dos smartphones, essa capacidade tem aumentado exponencialmente entre os jovens. A autora ainda afirma que essa presença constante dos recursos tecnológicos na educação nos leva a repensar sobre a relevância do letramento e também nos multiletramentos. O podcast é uma mídia narrativa da Internet, de criação diversa, e depende de tema, público e propósito. Por isso é tão interessante e relevante apresentar sua estrutura e funcionamento na escola, inovando o modo de trabalhar literatura. É um suporte a ser considerado, tendo em vista o aumento e crescimento de sites especializados, por ser interessante para o público jovem e também possuir potencial para alcançar os demais públicos. Um exemplo significativo de podcast que se destaca entre diferentes públicos é o Nerdcast, que foi fundado há mais de 10 anos e conta com centenas de episódios de temas variados, cujo renome já foi utilizado para lançamento e publicidade de livros; e pela quantidade de visitas recebidas mensalmente, é considerada a principal referência que o brasileiro tem de podcast. Na busca por inovar as práticas de ensino desenvolvidas no Projeto Ciclo Troiano e no intuito de apresentar esta mídia para os alunos atendidos, formulamos atividades específicas de produção oral e escrita que envolvessem o uso deste recurso midiático como ferramenta comunicacional. Para isso, elaboramos uma sequência didática para desenvolver nos estudantes as habilidades necessárias para a produção do gênero proposto durante o projeto de pesquisa. Fundamentamo-nos teoricamente em Freire (2003), que explicita as possibilidades que a internet proporciona à educação; Rojo e Barbosa (2015), que abordam práticas de letramento, e Marcuschi (2010), que define gêneros e elucida sobre a importância da relação entre oralidade e escrita no contexto dos gêneros textuais, que se distribuem em diferentes modalidades num processo contínuo. O autor ressalta que alguns gêneros só são recebidos na forma oral, apesar de produzidos inicialmente na forma escrita, como é o caso das notícias de televisão, rádio e o próprio podcast. Entendemos que o aluno se sente mais interessado em executar atividades propostas pelo professor quando estas são mais dinâmicas e estão em plataformas inovadoras. No percurso metodológico, apresentamos o podcast e a proposta de trabalho, aplicamos uma sequência ordenada de atividades escritas, base para a produção e gravação do podcast, realizamos jogos literários com o objetivo de discutirmos a obra trabalhada, uma adaptação da Ilíada, de Homero. Todas as etapas foram realizadas de modo coletivo e colaborativo. Os objetivos deste trabalho incluíram apresentar inovações para o ensino de literatura ao desassociar seu estudo a unicamente conhecer a história das escolas literárias, conduzindo os alunos pela leitura, interpretação/discussão e produções textuais diversas; mostrar como o ensino da literatura pode ser algo prazeroso e inovador, tanto para o docente de Língua Portuguesa quanto para os discentes. Os resultados foram socializados com o grupo e, após a avaliação do aproveitamento de cada atividade, constatamos que é possível aliar o ensino de literatura, considerado tradicionalista, com práticas inovadoras de letramento. A proposta do trabalho com o podcast permitiu a inserção de uma prática inovadora, já que os alunos puderam fazer uso de múltiplas fontes de linguagem. Palavras-chave: Letramento digital. Podcast. Pibid. Ensino Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (3º e 4º ciclos do ensino fundamental). Brasília: MEC, 1998. CANCLINI, G. N. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Traduzido por A. R. Lessa e H. P. Cintrão. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2008 [1989]. DIAS, A. V. M. Hipercontos multissemióticos. In: ROJO, R; MOURA, E. (Orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. p. 167-180. DIONISIO, Angela Paiva. Gêneros Textuais e multimodalidade. In: KARWOSKI, Acir Mário; GAYDECZKA, Beatriz; BRITO, Karim Siebeneicher (Org.). Gêneros Textuais: reflexões e ensino. 4. ed. São Paulo: Parábola Editora, 2011. p. 137-152. FREIRE, Fernanda M. P. Rodada Inicial e comentários: A palavra (re)escrita e (re)lida via Internet. SILVA, Ezequiel Theodoro da (coord.). A leitura dos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003. p. 19-32. MARCUSCHI, Luis Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionabilidade. In: DIONISIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Org.). Gêneros Textuais e ensino. São Paulo: Parábola Editora, 2010. p. 19-38. ROJO, Roxane; BARBOSA, Jaqueline. Gêneros discursivos: o que são?. Hipermodalidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola Editora, 2015. p. 15-52.