A SEDUÇÃO NO DISCURSO COMO EFEITO ANALISADOR: PRÁTICAS DE LIBERDADE NA ESCOLA VIVA Magali Paraguassú Posse/magaliposse@saocamilo-es.br/CUSC-ES Lucas Raphael Vazzoler Freitas/CUSC-ES Pollyana Paraguassú Posse Guaçoni/MULTIVIX Marilene Dilem da Silva/CUSC-ES Lívia Dilem da Silva/CUSC-ES Claudia Aparecida Vieira Pinheiro/CUSC-ES Eixo Temático: Cidadania, Direitos Humanos e Interculturalidade Resumo Este trabalho apresenta uma discussão provocativa acerca do modo de produção capitalista contemporâneo, nas instituições escolares, em especial na realidade pública brasileira. Sendo assim foi utilizado a questão do discurso escolar como analisador das práticas pedagógicas, a sedução seria um modo de ação micropolítica em diversos níveis, buscando constranger a vida em sua diferença, controlando os desvios e aniquilando o outro de alguma forma. Como recurso para superar a problemática do controle de corpos realizado na instituição escolar, optamos em desenvolver rodas de conversa com os alunos das séries finais do ensino fundamental de uma Escola Estadual Integral localizada no sul do Espírito Santo. Os temas das referidas rodas foram escolhidos pelos próprios discentes, podendo destacar: automutilação, bullying e suicídio. As ideias dos filósofos franceses Michel Foucault e Gilles Deleuze serviram como pano de fundo para a discussão apresentada. Em Foucault, foram elencadas as premissas de poder, entendido nas práticas e relações em que acontece, o biopoder foi visto como uma prática social de controle e manutenção da população e a sociedade disciplinar como uma forma de manter a vigilância constante dos indivíduos de maneira sutil. Em Deleuze, utilizamos o conceito de sociedade de controle, visto como uma completude das ideias de Foucault, onde a forma de vigilância se intensifica, quebrando muros físicos e fazendo surgir outros. As psicólogas brasileiras Maria Helena Souza Patto e Ana Lucia Coelho Heckert contribuíram na discussão ao apresentar análises da educação brasileira na contemporaneidade, possibilidades de criação e mudança frente à biopolítica, como exercício de pensamento contestador nesse questionar da vida, impulsionando modos de vida mais éticos e que engendrem práticas de liberdade. Conclui-se que o próprio exercício da vida é um desafio, políticas de medo e preconceito conduziram a práticas de medicalização e judicialização da vida, tudo isso em nome de um certo modo hegemônico e legitimado de ser. Portanto, as análises apresentadas se inclinam no sentido de cuidar do outro, evocando um pensamento questionador e inerente aos processos. Palavras-chave: Discurso, Educação, Escola Referências DELEUZE, G. Conversações. 3 ed. Tradução de Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Editora 34, 2013. ______. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal, 2006. FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. 12 ed. Petrópolis: Vozes, 1995. ______. Em Defesa da Sociedade: curso no collège de France (1975 - 1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999. ______. Vigiar e punir: o nascimento da prisão. 16 ed. Petrópolis: Vozes, 2001. ______. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2001. ______. Nascimento da Biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008. ______. História da Loucura. 9 ed. São Paulo: Perspectiva, 2010. GUATTARI, F.; ROLNIK, S. Micropolítica: Cartografias do Desejo. 12. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. ______. Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981. HECKERT, Ana Lúcia Coelho et al. Questões contemporâneas no campo das políticas educacionais: Produção comunitária, criminalização da vida e práticas de liberdade. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p.479-500, 2012. ______; ROCHA, Marisa Lopes da. A maquinaria escolar e os processos de regulamentação da vida. Psicologia e Sociedade, Belo Horizonte, n. 24, p.85-93, 2012. KAFKA, F. O caçador Graco. In: ______. Narrativas do espólio (1914-1924). São Paulo: Companhia das Letras, 2002.