A partir do ano 2000, entrou em pauta um dos temas bastante discutidos pelas políticas públicas de formação de professores: a formação inicial de professores. Dessa forma, no ano de 2007 cria-se o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), sob a responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em parceria com o Ministério da Educação e Cultura (MEC), em meio a um cenário de desafios e com um baixo número de profissionais, especialmente na área das ciências exatas, para atuarem na educação básica. Dentre os objetivos do PIBID, destacamos o de promover a integração entre as instituições de educação superior e as de educação básica, de modo a elevar a qualidade de formação inicial de professores nos cursos de licenciatura. Nesse cenário, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus Canindé foi novamente agraciado com o PIBID no curso de Licenciatura em Matemática, o qual fornece bolsas de iniciação à docência a estudantes que estejam cursando até a primeira metade do curso, para que os mesmos atuem em escolas públicas da educação básica. Dentre as atividades previstas no subprojeto do PIBID Matemática do IFCE campus Canindé destacamos a observação da dinâmica da sala de aula, o que nos motivou à escrita deste trabalho. Dessa forma, temos que o ato da observação durante a formação inicial é de fundamental importância, pois permite ao futuro docente um exercício de reflexão buscando relacionar teoria e prática. O início da observação em sala de aula é algo que proporciona ao graduando uma experiência, sobretudo de aperfeiçoamento pessoal para a formação docente. Diante desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo relatar a percepção dos bolsistas PIBID a partir de observações das aulas de matemática realizadas em uma escola canindeense no Ceará. O referencial teórico adotado baseou-se no Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática do Ensino Fundamental - Anos Finais (BRASIL, 1997) e Vianna (2003). Esta é uma pesquisa de abordagem qualitativa, cuja metodologia adotada foi do tipo descritivo-exploratório, e a coleta de dados deu-se fazendo uso dos diários de campo que foram usados pelos bolsistas. Para a coleta foram observados sobretudo, o que transparecia na aula do planejamento do professor, a interação entre a tríade aluno-professor-conteúdo, a metodologia empregada nas aulas e a avaliação da aprendizagem. As aulas observadas foram da disciplina de Matemática em turmas dos Anos Finais do Ensino Fundamental no turno da manhã, em uma escola municipal de Canindé no estado do Ceará. Os resultados obtidos, que se seguem, foram encontrados nos relatórios de observações realizadas, descritos nos diários de campo dos bolsistas, em relação a aspectos observados da dinâmica de aulas de Matemática. Quanto ao planejamento do professor, os bolsistas tiveram acesso aos planos de aula e observou-se que todos cumpriram com o havia sido planejado. Já no que diz respeito à interação da tríade aluno-professor-conteúdo, foi observado o desinteresse por parte dos alunos durante as aulas e na realização das atividades proposta; além disso, notou-se a indisciplina dentro de algumas salas de aula; e muitos alunos tinham um certo receio de perguntar ao professor sobre alguns conceitos do conteúdo abordado. Os conteúdos abordados estavam de acordo com a série e disciplina lecionada, e condiziam com o que é exigido nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - (BRASIL, 1997). Quanto à metodologia empregada observou-se que as aulas aconteciam majoritariamente, pela explanação, fazendo uso de recursos como livro didático, pincel e quadro branco. Quanto à avaliação da aprendizagem, observou-se a predominância da avaliação apoiada na resolução de exercícios sem nenhuma contextualização com o cotidiano e, em poucas turmas, valorização da participação do aluno na aula. Com tais observações os bolsistas perceberam o quanto estavam enganados sobre a dinâmica de uma sala de aula, pois acreditavam que os alunos participariam ativamente da aula, em busca de aprender algo novo, não imaginavam o nível de desinteresse cada vez maior das turmas pelas quais passaram. Observaram que as turmas do 6°ano do Ensino Fundamental demonstravam melhor participação e comprometimento com a aula do que as turmas de 7°ano. Esse fato levou a questionar sobre o que teria desmotivado esses alunos durante esse período do 6º ao 7º ano? Perceberam ainda que faz-se necessário que o professor estimule mais o potencial de seus alunos com o intuito de estabelecer uma relação de ensino-aprendizagem satisfatória para ambas as partes. Tais observações possibilitaram um olhar diferenciado para a realidade escolar proporcionando um exercício de reflexão dos bolsistas. Com essas observações é possível notar que ser professor não é tarefa fácil, pois no ambiente escolar há um encontro de várias pessoas, com pensamentos e ideias diferentes, e cabe ao professor realizar a articulação entre alunos, contextos sociais, conhecimentos etc., na sala de aula. Dessa forma, a observação durante a formação inicial permite uma visão da organização escolar, quais seus objetivos, e como ele pode impactar na vida dos alunos, além de propiciar a leitura acerca das metodologias de ensino utilizadas pelo professor em exercício, dando início, a construção reflexiva da própria prática docente. Palavras chaves: Observação, Formação docente, Ensino da matemática, PIBID Referências PARÂMETROS Curriculares Nacionais: matemática / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF,1997. 146 p. PIBID - APRESENTAÇÃO. Disponível em: . Acesso em: 26 set 2018. VIANNA, H. M. Pesquisa em educação: a observação. Liber Livro Editora Ltda. Brasília, DF. 2003.