Este resumo apresenta pesquisa em andamento que busca investigar como egressos de cursos de Pedagogia vivenciam os primeiros anos de magistério com o objetivo principal de identificar elementos que caracterizam seu preparo para a iniciação na profissão em regiões de alta vulnerabilidade. A investigação centra suas análises em egressos que atuam em educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, em escolas públicas da rede estadual e municipal de ensino da Região do AltoTietê/Cabeceiras composta pelos municípios de Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, Biritiba, Salesópolis, Guarulhos, Arujá e São Paulo. Trata-se de uma região que possui índices de alta vulnerabilidade social, fator que afeta a qualidade do ensino e que pode gerar necessidades formativas específicas. Essa hipótese se baseia em estudos que demonstram que escolas são os equipamentos públicos de maior referência para as famílias num território vulnerável e que os problemas inerentes à essa vulnerabilidade se manifestam nessas escolas solicitando-lhes determinados posicionamentos para os quais nem sempre estão preparadas para assumirem e que quase sempre impedem a realização das atividades que a elas são inerentes (ÈRNICA; BATISTA, 2012). Nessa direção, professores que iniciam o magistério em regiões com estas características, num período em que estão em busca de um estilo profissional próprio (CUNHA, 2010) e que enfrentam a difícil passagem de estudante para profissional (LIMA, 2004) podem não terem sido preparados, em seu processo formativo, para enfrentarem tal realidade. Sendo assim, a questão que norteia a pesquisa é: como egressos de cursos de Pedagogia enfrentam a inserção profissional na docência em escolas públicas situadas em territórios de alta vulnerabilidade social? Tendo por referencial teórico, autores que problematizam o termo vulnerabilidade social e sua polissemia (ÈRNICA; BATISTA, 2012; COSTA, 2018; CENPEC, 2011) e que discutem inserção profissional, políticas de formação, e bases teórico-metodológicas utilizadas em pesquisas que se dedicam ao tema (ANDRÉ, 2015; CUNHA, 2010; LIMA, 2004; PAPI, 2009, OLIVEIRA, 2016; COSTA; OLIVEIRA, 2007) a pesquisa possui como objetivos: a) construir banco de dados com acesso público on line para inserção de todo o material bibliográfico consultado assim como os dados produzidos de cada um dos municípios na perspectiva de construção de um observatório; b) identificar características dos professores que trabalham nos munícipios que compõem o universo do estudo; c) mapear dados das escolas dessa região: número de alunos matriculados; taxa de evasão e repetência; diretrizes curriculares da rede de ensino, políticas de inserção profissional, entre outros; d) identificar professores que se encontram nos primeiros anos de sua carreira; d) levantar aspectos que indiquem o preparo desse profissional para o início do magistério em regiões de alta vulnerabilidade; e) relacionar e analisar semelhanças e diferenças entre os dados alcançados sobre os professores de cada um dos municípios envolvidos na pesquisa; f) acompanhar durante dois anos um número significativo de professores que participaram da pesquisa com o objetivo de identificar formas de superação das dificuldades apresentadas, medir taxa de desistência do magistério e elencar motivos. Trata-se de pesquisa de abordagem quanti-qualitativa, cuja produção de dados se dará em quatro fases por meio dos seguintes instrumentos: I) survey para o mapeamento sobre os professores que atuam nos diversos municípios que delimitam o território da pesquisa; II) entrevistas semiestruturadas realizadas com professores que declararem estarem dispostos a continuar participando da pesquisa e que possuam até cinco anos no magistério e, também, com seus respectivos coordenadores, garantindo a representatividade de cada um dos dez municípios; III) observação para aprofundar o conhecimento sobre quais dificuldades e facilidades são encontradas pelos professores tendo por base suas práticas; IV) survey a ser aplicado pela segunda vez junto aos professores respondentes da primeira fase visando conhecer quantos professores em início de carreira identificados no primeiro ano da pesquisa continuam a exercer o magistério ou abandonaram a carreira, além de conhecer os motivos que os levaram a abandoná-la. A pesquisa encontra-se na primeira etapa de produção de dados sobre os municípios e as redes de ensino. A análise preliminar dos dados dessa primeira etapa, produzidos por meio de contatos realizados junto às secretarias municipais de educação, apontam para alguns aspectos relevantes: informações básicas sobre as redes de ensino não são de acesso público; informações sobre os professores são ainda mais escassas; existem diferenças significativas entre os sistemas de ensino dos municípios que podem refletir no processo de inserção profissional de docentes; não há material sistematizado nas redes de ensino sobre o território em que as escolas se encontram; há características muito similares entre os municípios no que diz respeito ao índice de vulnerabilidade e há outras mais peculiares. Espera-se com a conclusão dessa pesquisa a apresentação de um conjunto de aspectos que caracterizem a qualidade do preparo profissional de professores em início de carreira que atuam em regiões de alta vulnerabilidade e que esse conhecimento produzido colabore com reflexões e outras investigações críticas sobre currículos de formação, políticas públicas de inserção profissional, e práticas pedagógicas inclusivas. Referências ANDRÉ, M. Políticas de formação continuada e de inserção à docência no Brasil. Educação Unisinos, v. 19, n. 1, p. 34-44, janeiro/abril 2015. CENPEC. Educação em Territórios de Alta Vulnerabilidade Social na Metrópole - Síntese das conclusões. São Paulo: CENPEC, 2011. Disponível em http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/09/Pesquisa-de-Vulnerabilidade-internet.pdf. Acesso em 19/03/2015. COSTA, M. A. et al. Vulnerabilidade social no Brasil: conceitos, métodos e primeiros resultados para municípios e regiões metropolitanas brasileiras. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília; Rio de Janeiro: Ipea, 2018. Disponível em http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8257/1/TD_2364.pdf. Acesso em set/2018. COSTA, J. S. da; OLIVEIRA, R. M. M. A. de. A iniciação na docência: analisando experiências de alunos professores das licenciaturas. Olhar de Professor, Ponta Grossa, 10(2): 23-46, 2007. Disponível em http://www.revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor/article/viewFile/1486/1131. Acesso em: outubro de 2016. CUNHA, M. I. ZANCHET. B. M. b. A. A problemática dos professores iniciantes: tendência e prática investigativa no espaço universitário. Educação. Porto Alegre, v. 33, n. 3 p. 189-197, set/dez/2010. ÉRNICA, M.; BATISTA, A. A. G. A Escola, a metrópole e a vizinhança vulnerável. Cadernos de Pesquisa, v.42 n.146, p.640-666, maio/ago. 2012. Disponível em http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/issue/view/3/showToc. Acesso em set/2018. LIMA, E. F. A Construção do início da docência: reflexão a partir de pesquisas brasileiras. Educação, v. 29, n.2, p. 85-98, 2004. PAPI, S. e MARTINS, P.L.O. Professores Iniciantes: as pesquisas e suas bases teórico metodológicas. Linhas Críticas, vol 15, n. 29, p. 251-269, julho/dezembro, 2009. OLIVEIRA, D. A profissão docente entre a perda de poder e a afirmação a autoridade: o recurso à formação. In: SPAZZIANI, M. de L. (Org.). Profissão de Professor: cenários, tensões e perspectivas. São Paulo: Editora Unesp, 2016.