O Estatuto do Idoso é um marco no imaginário social sobre a velhice. Por isso, registra mudanças significativas nas ações políticas, da atuação de especialistas e de reflexão sobre essas influências no processo do envelhecimento humano, assim como instaura um prisma simbólico de como olhar e interpretar a velhice a partir de signos e representações discursivas. Nesse sentido, o idoso ainda é estigmatizado como frágil, limitado e adoecido pela construção simbólica retratada pelo Estatuto, que dá ênfase às referências à saúde e mostram uma velhice corroborada pelo olhar clínico da geriatria. Cabe ao saber gerontológico se ocupar da criação de espaços que promovam envelhecimentos ativos e dotados de sentidos, onde os próprios idosos possam ser autores e protagonistas da cena do envelhecimento na sociedade hipermoderna. Os grupos dialógico-operativos de narrativas autobiográficas se constituem como um desses espaços, em um trabalho ‘na’ e ‘pela’ Linguagem, enquanto operação possível sobre o (re)engendramento da subjetividade e do laço com o outro, dotado de um manejo diferenciado daquele do discurso da geriatria que privilegia o caráter fisiológico do envelhecimento. O trabalho com a linguagem como principal metodologia desses grupos favorece uma vivência onde os próprios idosos podem ser autores da sua vida, se fazendo sujeitos de sua própria história. O grupo dialógico-operativo possibilita a (re)edição subjetiva diante do confronto dos idosos da dificuldade da escrita de si em encontros coletivos e intersubjetivos, onde os sujeitos passam a valorizar sua história e (re)criar novas possibilidades para o futuro.