A proposta dessa reflexão teórica parte de inquietações desenvolvidas durante um curso de Especialização intitulado Educação, Pobreza e Desigualdades Social, promovido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI em parceria com a Universidade Federal do Ceará – UFC que se propunha a discutir como a pobreza e a desigualdade social são pensadas dentro da escola, no cotidiano da sala de aula e também nos currículos e demais documentos educacionais. Nosso ponto de partida é a concepção de que a escola cumpre um papel de reprodução e legitimação das desigualdades sociais. Ela não é uma instituição neutra, tendo em vista que se modelo curricular e didático, sua forma de avaliação, de organização da estrutura institucional representa os valores dos grupos dominantes, legitimados como cultura geral. No entanto, podemos pensar que ela é também um lugar de produção de muitas resistências e portanto um espaço contraditório ou um campo de lutas. A partir disso, nosso ponto de partida foi pensar como a escola tem trabalhado no cotidiano de suas práticas com a pobreza. Como os coletivos desiguais se veem e são acolhidas pela escola? Como tem sido discutida a pobreza pelos professores, principalmente da educação básica? Nesse sentido, esse artigo tem como objetivo a partir de uma pesquisa bibliográfica discutir a relação entre pobreza e educação. Para tanto utilizamos uma pesquisa na base de dados da Scientific Electronic Library On Line – Scielo, no período de 2012 à 2016. Os descritores foram educação e pobreza, uma vez que na combinação educação, pobreza e desigualdade social apareceu somente um trabalho. Os resultados da pesquisa bibliográfica apontaram uma compreensão da relação entre pobreza e educação sob dois ângulos: um que aborda a educação como mola propulsora do desenvolvimento econômico do país e como combate a pobreza e as desigualdades sociais, e outro que enfatiza o binômio inclusão/exclusão social através da educação. A inclusão social dos pobres seria papel da educação e a exclusão também compreendida como uma ausência de educação. A partir da análise das duas compreensões e amparados pelos autores como Yanoullas (2012), Arroyo (2005) e Meszáros (2008) apontamos como achados iniciais para a discussão da relação entre pobreza e educação evitar compreender a pobreza sob uma única perspectiva, a econômica, que contempla exclusivamente a falta de renda e limita um valor que determina o ingresso ou não da população pobre em programas sociais, desconsiderando as diferentes facetas que a condição de pobreza se apresenta para milhões de pessoas. A relação entre pobreza e educação é bastante complexa e deve ser pautada e construída nas escolas a partir de um diálogo com os coletivos desiguais e movimentos sociais que vem fazendo um papel de resistência diante de tamanhas violações de direitos e desmonte dos serviços públicos.