: O ensino de literatura no Brasil está presente no currículo, desde que o ensino da Língua Portuguesa foi considerado obrigatório. Pesquisas desenvolvidas por Martins (2006) e Sá (2015) dão conta que o foco do ensino ainda não teria de deslocado da história e da teoria literária. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1988) criticam essa abordagem e sugerem que o trabalho com a literatura seja deslocado para o eixo de leitura. No entanto, apesar dessas orientações estarem postas há duas décadas, o foco do trabalho com a literatura na etapa final da educação básica apresenta ainda tímidas modificações, sendo trabalhado com base na abordagem de coleções de livros didáticos, que mantém o foco nos aspectos históricos de cada movimento literário, características e biografias de autores renomados. Em setembro de 2015, o Ministério da Educação apresentou a primeira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Entre os professores de Língua Portuguesa do Ensino Médio, a proposição que provocou discussões recorrentes e questionamentos foi a que indica que no 1º ano do ensino Médio os alunos tratariam dos gêneros literários contemporâneos, ficando a literatura dos séculos XVII, XVIII e XIX para o 3º ano. A presente pesquisa atende ao objetivo de discutir a pertinência da proposta da primeira versão da BNCC para o trabalho com a literatura, visto que o foco do trabalho com a Língua Portuguesa é a produção de sentidos. A metodologia adotada é a interpretativa. A aversão dos alunos à leitura, com base no discurso dos professores, é recorrente. Logo, compreendemos que a mudança no foco do trabalho com a literatura poderia ser crucial para a formação de leitores.