A literatura infanto-juvenil pode configurar-se num espaço que permite o trato com temas que apostam na representação de uma realidade mais complexa (PAIVA, 2008). Logo, é um meio importante para a realização do diálogo aberto e criativo com seus leitores, sobretudo os juvenis, pois a obras englobam linguagem e experiências capazes de problematizar o olhar mais acostumado à realidade. Na literatura infanto-juvenil contemporânea, a autora premiada Lygia Bojunga traz à tona temáticas que inquietam o universo do público, em especial do infantil e juvenil. Temas como o medo, o conflito interior e a construção da identidade são enfocados criticamente nas narrativas, entre outras temáticas. Na obra Seis vezes Lucas, acompanhamos o amadurecimento de um menino, num contexto familiar conturbado, onde o pai, figura com o qual o garoto pretensamente deveria se espelhar, exerce um modelo de masculinidade contestado por Lucas. Nesse sentido, considerando o tema acentuadamente contemporâneo desta obra, é nosso objetivo apresentar uma proposta para sala de aula para a abordagem deste livro, em turmas finais do Ensino Fundamental II, observando a construção das personagens e do enredo apresentado. Como pressupostos teóricos sobre ensino de literatura, nos embasamos especialmente nas discussões elencadas por Souza (2006) e Colomer (2007). Quanto à análise do enredo e das personagens do romance, utilizamos os fundamentos apresentados por Zilberman (1984), Brait (1985) e Sandroni (1987). Findo o percurso, é evidente a correlação entre trabalho crítico e reflexão didática, com fins a favorecer a formação de leitores.