A educação popular em saúde deve ser construída com os indivíduos e não para eles, estando direcionada a promover autonomia das pessoas, participação popular e respeito as desigualdades, objetivando mudanças na comunidade em que atua e permitindo ao indivíduo possuir um novo senso de responsabilidade que o faça agente ativo da saúde individual e coletiva e não apenas mero paciente a espera de cuidados. Não deve ser restrita a uma faixa etária específica, entretanto a sua relevância para os idosos chama atenção, pois o aumento da longevidade leva a um envelhecimento populacional e a educação é fundamental para a melhoria da qualidade de vida e do envelhecimento saudável. O objetivo desse trabalho foi relatar a experiência com o projeto em educação popular em saúde, desenvolvido na Faculdade de Medicina Nova Esperança (FAMENE). Trata-se de um estudo descritivo, cuja abordagem foi qualitativa e a modalidade do tipo relato de experiência. O projeto é composto por professores das áreas de enfermagem e sociologia e por estudantes de medicina da FAMENE. O público alvo são os usuários, em sua maioria idosos, da Unidade de Saúde da Família Ipiranga. As mulheres compõem a maior parte do projeto. Os encontros são semanais e nas reuniões são debatidos os principais agravos à população analisada. Os idosos que frequentam o projeto relatam certo isolamento social, tendo os encontros semanais como um mecanismo de escape dessa realidade. Aquele que, na vida adulta, possuía uma rotina mais ativa é “forçado” a abdicar de determinadas atividades, perdendo o contato com o mundo extradomiciliar. Essa quebra abrupta da rotina e a diminuição da rede de amizades podem piorar as patologias dos idosos ou gerar novas incapacidades no seu estilo de vida. As estratégias utilizadas para promover o envelhecimento saudável são baseadas na educação popular em saúde, promovendo a inserção da pessoa idosa em grupos, o que possibilita uma transformação da sua realidade e incentiva a melhorar sua saúde. Uma das idosas do projeto era aposentada e relatou uma vida solitária. Com a ajuda da oficina de artesanato, ela descobriu uma habilidade em bordar tapetes que acabou se tornando forma de renda, além de retirá-la do isolamento social. Quanto ao vínculo que foi desenvolvido entre os idosos e extensionistas, as reuniões regulares foram essenciais, pois em virtude delas, desenvolvia-se uma situação de empoderamento por parte de todos os envolvidos. Tais situações foram gratificantes para continuidade do projeto, por reforçarem a ideia de que a educação popular em saúde é o caminho para melhorar a qualidade de vida. O Projeto Educação Popular em Saúde demonstra resultados significativos para a capacitação e troca de experiência entre professores, alunos e idosos participantes, estabelecendo um cuidado maior com a saúde, de maneira co-participativa e consciente. Sua maior influência é vincular a comunidade à prevenção, acompanhando velhos hábitos e sugerindo novos, além de facilitar o tratamento de patologias já existentes. Além disso, cria um ambiente sociável que estimula novas amizades, ideias, atividades prazerosas e principalmente, aprendizado constante.