A percepção de emoções é fundamental para a regulação da interação social, na medida em que fornecem informações acerca do estado emocional e das intenções comportamentais. Dificuldades nestes domínios podem gerar redução na competência social e funcionamento interpessoal, bem como diminuição da qualidade de vida. Assim, a ideia de que a capacidade de perceber e reconhecer as emoções faciais pode diminuir com a idade tem atraído consideravelmente a atenção dos pesquisadores. Pesquisas desenvolvidas para avaliar o impacto do envelhecimento no reconhecimento de expressões faciais demonstraram um declínio substancial na categorização correta de expressões faciais negativas em toda a vida adulta, como as emoções de medo e tristeza, raiva e também para as faces neutras. Desse modo, considerando a importância de se obter dados sobre a influência do envelhecimento sobre o reconhecimento emocional, o presente trabalho teve como objetivo obter uma estimativa recente das pesquisas que investigaram o reconhecimento ou identificação de expressões faciais em idosos. Títulos, resumos e pesquisas completas foram avaliadas seguindo as etapas de identificação, triagem, elegibilidade e inclusão de forma independente por 2 revisores e não houve restrição de idioma. Realizou-se uma busca sistemática na literatura através das bases eletrônicas de dados: MEDLINE, PsycoINFO e Web of Science. Os critérios de inclusão dos artigos foram: 1) estudos empíricos avaliando o reconhecimento de expressões faciais emocionais; 2) possuir idosos sem patologias como uma das amostras do estudo; 3) ter sido publicado no período de 2009 a julho de 2017. O período estipulado de 2009 a 2017 foi definido por representar a compilação de pesquisas mais atuais. Revisão da literatura, estudos de neuroimagem, estudos de meta-análise, teses e dissertações não foram incluídas na revisão. As pesquisas selecionadas apresentaram significativa variação com relação aos estímulos faciais emocionais utilizados. A maioria dos estudos utilizou a condição estática (fotografias) (n=16), três a condição dinâmica (vídeos da emoção) e três ambas as formas de apresentação. O banco de expressões faciais mais utilizado foi o Pictures of Facial Affect. (12) Dentre os instrumentos adicionais para usados na avaliação das amostras, o Mini Exame do Estado Mental (MMSE), para rastreio cognitivo, foi o mais frequente (n=6). O comprometimento dos idosos na identificação e reconhecimento de expressões faciais é evidenciado em estudos conduzidos com diferentes metodologias. Entretanto, estudos que forneçam explicações de como esses déficits no reconhecimento de emoções estão relacionados ao processo cognitivo e no comprometimento das estruturas cerebrais, que embasam a teoria da integração dinâmica das estruturas cerebrais, ainda são em menor número. Os resultados desta revisão sistemática têm importantes implicações na área de estudos da emoção e do envelhecimento, na medida em que sinalizam a importância da variável movimento sobre o reconhecimento/percepção emocional. Nesse sentido, a composição de expressões faciais dinâmicas e multimodais contribuirá para tornar as condições experimentais mais próximas das situações reais de interação social e de avaliação emocional dos idosos. Estudos com diferentes faixas etárias podem auxiliar na compreensão do efeito do envelhecimento nos mecanismos envolvidos do processamento emocional e em suas modificações no desenvolvimento humano.