Introdução: Lidar com envelhecimento é um grande desafio deste século, para os serviços de saúde, corresponde a demandas crescentes e complexas, exigindo dos profissionais conhecimentos em geriatria e gerontologia e atenção interdisciplinar que contemple as necessidades de saúde do idoso. No Brasil, a figura do agente comunitário de saúde (ACS) emerge das comunidades no contexto da atenção primária à saúde e sem qualquer bagagem técnica, assume a importante função de interlocução entre equipe de saúde e comunidade. A falta de capacitação e estereótipo negativo de envelhecimento podem comprometer a qualidade de suas ações. Objetivo: O objetivo dessa revisão sistemática foi averiguar as representações do envelhecimento para os agentes e avaliar suas capacitações, bem como a forma como se expressam na atenção à saúde, bem-estar e cuidado do idoso. Metodologia: A revisão sistemática foi realizada entre os dias 11 e 16 de abril de 2013. Os artigos utilizados foram encontrados pela Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e estão indexados à SCIELO, à LILACS e à MEDLINE. Foram achados 20 artigos inicialmente através do descritor ‘agentes comunitários de saúde e envelhecimento’. Após o refinamento da pesquisa, 12 artigos publicados entre 2005 e 2012 foram escolhidos e o critério utilizado foi a relevância das informações sobre deficiências do ACS na atenção ao idoso. Resultados: A Organização das Nações Unidas considera o período de 1975 a 2025 como a era do envelhecimento, com estimativas de 32 milhões de idosos. O nível de atenção que abre as portas para o sistema de saúde é o primário e os agentes comunitários representam o elo entre população e serviço. Importantes ações como prevenção e promoção da saúde são suas atribuições e apesar disso, percebe-se baixo índice de capacitação e preconceito em relação ao envelhecimento, comprometendo sua atuação. Nos artigos analisados, no total de 423 agentes, 262 não tiveram capacitação em saúde do idoso e não realizaram curso na área de gerontologia. Considerando-se o crescente aumento no número de idosos, é preocupante que esse profissional não seja preparado para lidar de forma diferenciada com o idoso. Deve haver a expansão da capacidade de atendimento através do treinamento gerontológico e incremento do programa de visitação aos domicílios dos idosos. A outra problemática consiste na maior parte dos relatos ter demonstrado opiniões negativas sobre envelhecimento, associando-o a perdas, incapacidade e abandono, sugerindo persistência de estereótipos negativos, comprometedores da autonomia e funcionalidade do idoso. As principais representações de forma negativa foram incapacidade e lentidão, referidos por 223 agentes. Portanto, qualquer proposta de educação voltada ao ACS deve englobar os diferentes aspectos do envelhecimento, com ênfase nas temáticas psicossociais, as maiores fragilidades encontradas. Conhecer as concepções desses profissionais e saberes existentes, respeitando sua identidade e autonomia, é um passo fundamental para criar um processo de capacitação adequado. Conclusão: Os agentes de saúde identificam-se como protagonistas da atenção básica e o estudo indica a necessidade de investir na formação de profissionais capazes de lidar com os múltiplos aspectos do envelhecimento e de tentar modificar suas concepções predominantemente negativas a respeito desse processo.