A relação entre os agentes modeladores do espaço na construção da sociedade brasileira, desde a sua ocupação e fundação, configura uma estrutura fundiária carregada de significados oriundos do passado. A convivência e conivência da Igreja Católica com outros agentes ao longo dos séculos contribuíram significativamente para a formação da nação, tendo como plano de fundo as transformações na sua configuração física e no processo de secularização do espaço urbano. Com o elo entre a instituição religiosa e a Coroa, o patrimônio da Igreja ganha o incremento da renda da terra a partir da mudança nos usos, forma e função do solo mediante ação e coexistência dos diversos agentes produtores do país. Neste sentido, pretende-se compreender a constituição do patrimônio fundiário da Igreja Católica no Rio Grande do Norte, considerando a relação entre os diversos agentes produtores do espaço urbano na perspectiva histórica. Para tal, no tocante ao recorte temporal a pesquisa teve como ponto central o período compreendido entre 1598, formação da capitania potiguar, até os dias atuais, evidenciando a relação na atuação do Clero junto a Coroa Portuguesa em diversos aspectos que aglutinaram a produção do espaço urbano e o processo de secularização. Isto posto, o estudo revela a hegemonia do poder eclesiástico combinado ao poder político como agentes norteadores na produção do espaço urbano, resultando num processo de secularização diferenciado, alimentado pela consistente e constante atuação da instituição até os dias do hoje.