A residência médica configura-se padrão ouro na formação de médicos especialistas. A Residência em Medicina de Família e Comunidade propõe a construção de um médico com habilidades avançadas no cuidado integral individual, coletivo e comunitário. Desta forma, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PIC’s) apresentam-se como oportunidade e estratégia para a formação de um residente crítico e reflexivo a partir de uma medicina centrada na pessoa em detrimento de uma atuação meramente medicalizada ou curativista.
O presente estudo objetiva discutir, a partir de um relato de experiência, a necessidade de formar médicos residentes em Medicina de Família e Comunidade para atuarem com PIC’s.
Trata-se de um relato de experiência desenvolvido com 36 residentes de primeiro ano (R1) de um programa em Medicina de Família e Comunidade no sertão da Paraíba. Em que, inicialmente realizou-se uma sensibilização a partir da apresentação do instrumento de Diagnóstico Situacional das Ações e Serviços referentes à Práticas Integrativas e Complementares existentes no Sistema Único de Saúde (SUS), em que foi discutida a importância e necessidade da PIC’s nas diversas comunidades e foram socializadas as expectativas dos residentes para a formação em PIC’s.
Observou-se que os residentes reconhecem as PIC’s como potencialidades para o cuidado em saúde, apesar do baixo conhecimento em relação á sua aplicabilidade, refletiram sobre a necessidade de uma formação teórico-prática como parte integrante do currículo da residência médica e consequentemente do perfil médico a ser obtido. Pois, vislumbram a inserção de tais práticas em seus territórios como agenda permanente da atenção à saúde da comunidade no qual estão inseridos.
Portanto, necessita-se oficializar a inserção das PIC’s como parte integrante do currículo da residência médica, oportunizando a realização de cursos e workshops das diversas práticas no âmbito da atenção primária à saúde, inicialmente fitoterapia, musicoterapia, acupuntura e yoga, sistematizando tais práticas como atividade permanente na rotina das unidades básicas de saúde em busca de um cuidado integrado e interdisciplinar com a equipe de saúde dos mesmos. Visando assim, uma maior área de atuação desses profissionais e aumentando em largo aspecto o grau de resolutividade das ações dos residentes em suas comunidades.