Indivíduos infectados pelo Chikungunya vírus comumente desenvolvem um processo inflamatório poliarticular que é responsável pela manifestação de seqüelas como dor e incapacidade funcional. Ainda não há cura para Febre Chikungunya e o tratamento convencional é direcionado para o alívio de sintomas. Uma vez que o tratamento medicamentoso vem se mostrando ineficaz para o manejo da incapacidade e seu uso prolongado pode desencadear efeitos adversos nocivos a saúde, a utilização de terapias complementares pode ser um recurso benéfico para o manejo da funcionalidade destes pacientes. O objetivo deste estudo é identificar os resultados da Auriculoterapia para a incapacidade autopercebida em indivíduos assistidos pelo projeto GAIPA-UFC devido seqüelas da Chikungunya. Trata-se de um estudo observacional transversal, retrospectivo, com base na coleta de dados secundários em 20 fichas de avaliação dos pacientes assistidos pelo projeto de extensão GAIPA-UFC, no período de outubro de 2016 a maio de 2017. Os dados pré e pós-intervenção provenientes da Escala de Avaliação de Incapacidade da Organização Mundial da Saúde (WHODAS 2.0) foram analisados, e os valores apresentados de forma descritiva. O WHODAS 2.0 é uma ferramenta genérica para a aferição de funcionalidade e incapacidade segundo os principais domínios da vida (cognição, mobilidade, autocuidado, convivência social, atividades de vida e participação na sociedade), e sua pontuação varia de 0 a 100%, cujos valores mais altos equivalem a um maior grau de incapacidade. Pode-se observar que o perfil dos pacientes foi composto por um predomínio de mulheres (85%), com média de idade de 60,9 (±10,1) anos e com duração média dos sintomas de aproximadamente 123,1 (±119,1) dias. Atividades de vida (65,5%), mobilidade (62,4%) e participação na sociedade (57,5%) foram os domínios da vida que apresentaram maior grau de incapacidade pré tratamento. Ao final das 5 sessões de tratamento, foi observada uma melhora mais acentuada para os domínios de atividade de vida (15,8%), participação social (13,0%), autocuidado (13,0%) e mobilidade (12,4%). A melhora para estes domínios pode estar relacionada ao efeito analgésico atribuído a Auriculoterapia. Mudanças na autopercepção de incapacidade são possíveis de serem identificadas em indivíduos com Chikungunya tratados com Auriculoterapia, porém, ensaios clínicos controlados devem ser realizados para se avaliar se estes efeitos são provenientes da terapia em questão.