Introdução: As Práticas Integrativas e Complementares (PIC) são consideradas um grupo de técnicas e produtos que fogem do padrão das intervenções biomédicas tradicionais. Esse grupo de intervenções buscam por meio de mecanismos naturais a profilaxia de doenças e agravos e também a promoção da saúde. As PIC possuem muitos benefícios comprovados cientificamente em relação ao tratamento e prevenção de doenças. Além disso, elas são responsáveis por realizarem intervenções não invasivas, com o mínimo de efeitos colaterais que prejudiquem a saúde e restabelecer o equilíbrio físico, mental, emocional e social do individuo. Muitas são as dificuldades elencadas em relação à implantação das PIC na APS, como por exemplo, a falta de espaço físico nas unidades de saúde, falta de apoio da gestão, falta de valorização das técnicas, falta de conhecimento sobre a PNPIC, favoritismo ao modelo biomédico pela gestão, falta de formação e qualificação dos profissionais sobre as PIC, além da falta de prioridade e investimentos financeiros nessa área. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa, realizado com dez enfermeiras atuantes nas UBS e ESF de um município do sudeste Goiano, entre os meses de agosto a dezembro de 2015. Os critérios de inclusão foram: enfermeiros que aceitaram participar da pesquisa, com mais de 18 anos e trabalhar nas unidades de ESF por um período superior a 6 (seis) meses. Para a coleta dos dados utilizou-se da técnica de entrevista, com aplicação de um questionário semiestruturado contendo questões norteadoras do estudo referentes à temática estudada. Já para tratamento dos dados foi realizada análise de conteúdo temática proposta por Bardin. Na análise temática, se buscou os núcleos de sentido que compõem a comunicação, cuja frequência teve sentido para o objeto analítico visado. Para a teorização e análise dos dados foi utilizada a Política Nacional de Práticas Integrativas Complementares (PNPIC) do Ministério da Saúde. Resultados e discussão: Dos dez (10) sujeitos participantes do estudo houve predominância do sexo feminino (100%), com média de 32,7 anos de idade e 9,6 anos de tempo de formação. As enfermeiras relataram conhecer algumas PIC como a acupuntura, fitoterapia, yoga, cromoterapia, shiatsu e Do-In, sendo a acupuntura a mais mencionada. Atualmente, pode ser considerado como um desafio à gestão pública a institucionalização das PIC no SUS, uma vez que há um número reduzido de recursos humanos capacitados e especializados, insuficiente apoio financeiro e poucos espaços institucionais, podendo ainda ressaltar fatores culturais e científicos. Além disso, podemos ainda elencar a predominância do modelo biomédico e a visão superficial sobre as PIC. Conclusão: São notórias as dificuldades e desafios enfrentados pelas enfermeiras atuantes no sistema público de saúde em relação à utilização das PIC no serviço ao usuário do SUS, como a predominância do modelo biomédico, a falta de apoio por parte da gestão das instituições, a falta de capacitação na área, a falta de conhecimento sobre as PIC e outros.