PEIXINHO, Manuela Cunha. . Anais V ENLAÇANDO... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/30797>. Acesso em: 22/11/2024 15:28
Figura controversa na sociedade, ora vista como vítima de um sistema, ora como a femme fatale, a prostituta passa a falar sobre si através de textos autobiográficos, ressignificando suas vivências e se implicando em sua história como sujeito. Nesta perspectiva, este trabalho discute as formas de subjetivação utilizadas na escrita de “O prazer é todo nosso”, destacando o lugar e contornos dados à sexualidade. A autora, Lola Benvenuitti, divide sua obra em dois vieses: na primeira parte, são abordadas as negociações situacionais e agenciamentos identirários que precisou realizar com os clientes durante o meretrício; e na segunda parte, trata da sua relação com outros atores sociais, como família, amigos diante de sua escolha em se prostituir. Entende-se aqui a escrita autobiográfica para além de uma verdade, mas antes de tudo, uma representação que o indivíduo faz de si, do outro, considerando também o mercado no qual será publicada sua história. Sendo assim, na sua escrita, Lola revela segredos do instigante mundo do meretício, rasurando conceitos e rompendo com preconceitos demonstrando que a prostituição é muito mais do que somente sexo e que ser prostituta é apenas uma de suas múltiplas e complexas identidades.