O trabalho visa analisar dois contos da consagrada autora mineira Conceição Evaristo, “Isaltina Campo Belo” e “Beijo na face”. O primeiro conto, publicado – junto a mais doze textos do gênero – no livro Insubmissas lágrimas de mulheres, participa do projeto do livro, o de registrar ou representar o que a autora chama de “vozes-mulheres”, vindas de personagens negras que contam suas histórias durante toda a obra. O segundo, “Beijo na face”, publicado pela primeira vez em 2003, na série literária Cadernos Negros, consta também da antologia Olhos d’água organizada, em 2014, pela Editora Pallas. Para tanto, pretende-se, num primeiro momento, considerar a relação entre os textos selecionados para as duas coletâneas, escrutinando os diálogos possíveis entre as histórias de mulheres negras concebidas pela autora. Com a mobilização de teorias produzidas por teóricas que se dedicaram a pensar, dentre outras coisas, a sobreposição de violências que atingem àquelas pessoas que participam de mais de um grupo socialmente oprimido, ou “Interseccionalidade”; o fazer literário de pessoas negras no Brasil; as relações entre orientação sexual e a idealização das identidades de gênero a afetividade de mulheres negras, intenta-se construir uma leitura que examine as relações entre as identidades compartilhadas pelas personagens dos dois contos, sem que se esqueça, obviamente, de destacar análises dos aspectos de construção literária selecionados por Conceição Evaristo.