A inserção precoce de adolescentes no trabalho informal inclui uma jornada longa e árdua de atividades, o que impõe muitas vezes, a dificuldade de conciliar a escola e o trabalho. O presente trabalho pretende analisar as implicações do trabalho precoce no processo de escolarização de adolescentes. A pesquisa foi realizada em uma Escola de Referência em Ensino Médio, na cidade de Belo Jardim-Pe. A amostra foi constituída de 07 alunos adolescentes da Educação de Jovens e Adultos-EJA, que estão em situação regular na instituição. Como procedimentos de metodológicos, foi utilizado o diário de campo, questionário e entrevista semi-estruturada. A Análise de Conteúdo de Bardin (2010) foi utilizada para analisar a percepção dos entrevistados. Como categorias principais no processo de análise dos dados, apresentou-se o insucesso escolar durante a infância e a escolarização tardia. Os dados mostraram que os participantes foram inseridos no trabalho informal por volta dos seis anos idade, sobretudo, na agricultura, no trabalho doméstico, e em feiras livres. No que se refere aos motivos determinantes para o ingresso precoce ao trabalho citam-se, como causas principais, a falta de equipamentos institucionais, como creches; alternativa de sobrevivência para a família; necessário para evitar a ociosidade e marginalidade. Os adolescentes que participaram do estudo identificaram que o trabalho precoce durante a infância compromete o prosseguimento dos estudos. O cansaço físico foi considerado como o fator de maior relevância e influente na dificuldade de aprendizagem em sala de aula. Os entrevistados enxergaram na EJA uma via de acesso e continuidade ao processo de escolarização, como também, situaram que o retorno à escola possibilitará condições favoráveis para a formalização de um emprego. Neste sentido, o estudo situou que para os participantes o trabalho executado precocemente atua como elemento dissociador do processo educacional.