O objetivo deste trabalho é relatar uma experiência de utilização de um jogo tático, pautado nas abordagens da Pedagogia do Esporte, para o treinamento físico de atletas jovens. A experiência foi realizada em um clube tradicional da cidade de Rio Claro, com atletas entre 11 e 16 anos, da equipe de competição. O intuito do jogo foi o de estimular a criação de espaços na quadra com o saque (problema tático), ou seja, realizar um saque que dificultasse a recepção do adversário. Nesse sentido o jogo ocorreu da seguinte forma: um atleta sacava (uma chance) enquanto o adversário tentava receber a bola com a mão em uma quadra de dimensões oficiais; após pegar a bola, o recebedor deveria correr em direção à uma área delimitada (no canto oposto ao da recepção, na mesma direção da linha de fundo do recebedor) antes que o sacador chegasse; o sacador, por sua vez, deveria sacar e correr até esta área; quem chegasse primeiro marcava o ponto. Assim, nessa situação, o sacador é estimulado a realizar um saque angulado, com a intenção de criar espaços na quadra adversária e correr em alta velocidade até a área delimitada para chegar antes que seu adversário. Para isso, é necessário que se tenha além de intenções táticas (tática individual) e técnica (habilidade técnica), capacidades físicas bem desenvolvidas, como velocidade, agilidade e coordenação. Durante a realização do jogo, principalmente no início, observou-se uma dificuldade dos alunos compreenderem o objetivo do jogo, em especial, “o que” fazer com o saque para tirar vantagem tática. Os atletas realizavam o saque com força, pensando apenas em acertar e correr, ao invés de pensar na melhor forma de sacar (utilizando ângulos e efeitos) para criar espaços e dificultar a recepção do adversário e assim ter mais facilidade para chegar à área delimitada. A intervenção por meio de questionamentos que os fizessem refletir sobre o objetivo do jogo e qual a melhor forma de sacar para dificultar o recebedor foi extremamente necessária. Com esse jogo pudemos observar que os atletas ainda possuem pouca intencionalidade tática (tática individual) de seus golpes, ou seja, não sabem o que fazer em determinadas situações, apesar de conseguirem executar os mesmos por meio de movimentos “esteticamente corretos” e dentro de “padrões” tidos como mais adequados. Este jogo, portanto, mostrou-se pertinente para trabalhar intenções táticas e ainda integrar a técnica e as capacidades físicas exigidas pelo jogo de tênis.