Este trabalho tem como objetivo investigar alguns dos aspectos que envolvem o processo de aquisição/desenvolvimento da escrita por alunos do 6º ano do ensino fundamental. Especificamente, procura identificar e descrever problemas de inadequações lexicais como marcas da influência do texto oral e discutir sobre como as representações que os alunos desenvolvem com relação à linguagem escrita podem estar relacionadas a esses aspectos. Para tanto, foram feitas observações de aulas de língua portuguesa numa escola da rede estadual do Rio Grande do Norte, onde em seguida fez-se a coleta de textos escritos do gênero diário, dos quais 12 foram selecionados para constituir o corpus deste trabalho. Como aporte teórico, tomamos por base os pressupostos da Psicolinguística, a partir das discussões de Abaurre, Fiad e Marynk-Sabinson (2006), Capristano (2007), Ferreiro (2008) e Stampa (2009), bem como de Marcuschi (2002). A análise mostra que os aspectos de segmentações não-convencionais foram bastante encontrados nas produções textuais dos alunos, revelando-se através dos problemas relacionados à juntura intervocabular e à segmentação indevida, ocasionados tanto em razão da interferência de aspectos fonológicos e do texto oral, quanto pela hipótese que os alunos, nessa fase de aprendizagem/desenvolvimento, levantam sobre a organização do texto escrito. Os resultados contribuem para promover uma discussão em torno do papel da criança como estrategista na produção de seu próprio texto, uma vez que ela levanta hipóteses sobre a relação existente entre oralidade e escrita e é capaz de elaborar estratégias que lhe permitem alcançar propósitos comunicativos em situações de escrita.