A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe o tratamento de sete dimensões do conhecimento em conjunto com as práticas corporais. Em específico, temos como objetivo analisar a dimensão “reflexão sobre a ação” e aventar possibilidades de desenvolvê-las nas aulas Educação Física. Para tanto, realizamos uma análise documental na BNCC – Segunda Versão (BRASIL, 2016), bem como, leituras sobre o tema para contemplar tal meta. Verificamos que, segundo a BNCC essa dimensão refere-se aos conhecimentos originados na observação e na análise das próprias vivências corporais de maneira intencional e ativa. Realizando um paralelo com as três dimensões dos conteúdos, sugeridas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (conceitual, atitudinal e procedimental), podemos dizer que ela se aproxima dos princípios estabelecidos pela conceitual e procedimental, posto que, a priori, os alunos são estimulados a reflexão, no entanto, trata-se de uma associação direta com a “ação” (movimento). A “reflexão sobre a ação”, portanto, exige um pensamento sistematizado (conceitual) sobre os movimentos (procedimental) desenvolvidos em aula. Ela se relaciona em certa medida, com o conceito de feedback intrínseco, visto que o aluno recebe de seu sistema sensorial repostas aos movimentos realizados por ele próprio ou por observação dos pares. O indivíduo pode também obter um feedback extrínseco, ou seja, advindo de uma fonte de informação que está fora do seu sistema sensorial, como a orientação de um professor ou colega. Essas respostas são utilizadas de maneira intencional na reflexão e elaboração de movimentos futuros. Selecionamos um objetivo da BNCC para ilustrar como essa dimensão poderia ser melhor compreendida. No 3º ciclo, é indicado para o esporte o seguinte objetivo de aprendizagem: formular e utilizar estratégias para solucionar desafios técnico-táticos nas modalidades experimentadas. Como exemplo, no ensino do salto em distância, após vivenciarem diferentes formas de realizá-lo, seria importante refletir sobre a escolha de uma perna de impulsão para melhorar o seu desempenho. Em trios, os alunos podem avaliar o salto dos colegas e trocarem suas análises na identificação da perna de impulsão que está sendo utilizada. Essa reflexão está diretamente relacionada ao movimento, associando informações do feedback intrínseco e extrínseco para que eles alcancem melhores resultados. É fundamental que os desafios sejam propostos de acordo com as necessidades dos alunos, oferecendo orientações mais diretivas por meio de perguntas e dicas, até que o aluno se torne autônomo na reflexão sobre as ações realizadas. Ao analisar essa dimensão, consideramos que o aluno poderá vivenciar ou observar práticas corporais que o levem a refletir, elaborar e aplicar estratégias que possibilitem a solução de desafios e aprendizagem dos movimentos.