A voz humana passa por um processo de mudanças, sabendo que a deterioração vocal é comum e tem grande impacto reforçando, muitas vezes, o estereótipo do idoso. Visando a promoção da saúde do idoso e melhora na qualidade de vida em voz, esse trabalho tem como objetivo relatar a experiência de um Grupo de Saúde Vocal de Mulheres Idosas. O grupo teve seu início devido o interesse de idosas de um Centro de Convivência de Idosos, em um município no interior do Rio Grande do Norte, de utilizar a voz em prol do canto, mas tinham angústias sobre as mudanças vocais advindas do envelhecimento. Para tanto, foi proposto e iniciado o grupo em novembro de 2016, com frequência quinzenal e facilitado por uma Fonoaudióloga do programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da UFRN. Os encontros do grupo ocorrem quinzenalmente, têm duração de 1 (uma) hora e 30 (trinta) minutos. Foi realizado escuta individual com cada usuária e aplicado questionários de auto avaliação vocal, entendendo a percepção de cada uma sobre suas vozes. Durante os primeiros encontros, foi discutido com as idosas as expectativas sobre o grupo de saúde vocal, suas sugestões de temáticas e atividades a serem desenvolvidas. Ao decorrer dos encontros, foi permitido que elas falassem sobre suas vidas, profissões, atividades de lazer, perspectivas futuras, o papel da voz no decorrer da idade e atividades que gostariam de realizar, tendo a voz como protagonista. Os encontros são norteados pela temática selecionada para o dia e as idosas ficam responsáveis de escolher as músicas, poesias, peças de teatro e qualquer outro tipo de atividade que faça uso da voz da maneira que fiquem satisfeitas. São disponibilizados os últimos 30 minutos dos encontros para as idosas ensaiarem as músicas elencadas pelo grupo e demais atividades que tenham preparado para o dia. O grupo tem funcionado com boa adesão, sendo composto, atualmente, por 15 idosas. Os principais temas elencados nas conversas iniciais foram: Voz na senescência, cuidados com a voz, influência da postura e respiração no uso da voz, relação entre refluxo gastroesofágico e voz, melhoras na qualidade vocal, enfrentamento de mudanças advindas da idade e como conseguir cantar bem. Durante os momentos de conversa, é possível identificar a percepção – por parte das idosas – dos prejuízos na voz advindos da idade. Quando se discute no grupo temáticas relacionadas a cuidados com a voz, percebe-se que as idosas mantêm o interesse na conversa o que pode se justificar por causa da vontade de melhorar a voz e praticar o canto e outras atividades vocais com maior qualidade. A prática em grupo visando contribuir com a melhora da qualidade de vida no que diz respeito à saúde vocal de mulheres idosas pode ser avaliada como efetiva, entendendo que é necessário permitir a participação ativa das usuárias na decisão de temáticas e andamento do grupo e buscando compreender como o processo de envelhecimento é vivido e percebido.