Introdução: A conciliação é um método importante para racionalização do uso de medicamentos, capaz de evitar erros de medicação e promover a segurança do cidadão quando o mesmo é atendido por diversos profissionais de saúde em diferentes setores e serviços, sendo capaz de reduzir em cerca de 70% os erros de medicação. Os objetivos da pesquisa foram: descrever o perfil dos cidadãos admitidos na emergência de um hospital público da Bahia, Brasil enfatizando os aspectos relacionados ao uso de medicamentos antes da admissão hospitalar e; identificar a incidência de discrepâncias de conciliação medicamentosa. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado em um hospital público baiano, com os cidadãos admitidos nos meses de abril e maio de 2014 que participaram de uma das atividades de acolhimento e classificação de risco, promovidas pelo Pet-Saúde Urgência e Emergência da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Para a coleta de dados, utilizou-se a entrevista estruturada. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram organizados em um banco computadorizado e processados através do SPSS 15.0. A pesquisa atendeu à Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS. Resultados e discussão: Foram entrevistados 130 cidadãos, 59% do sexo feminino, idade média de 55 anos. Os principais motivos da internação: dores (23,8%), edema (11,5%); Acidente Vascular Cerebral (10%); traumas (7,7%) entre outros. 66,1% possuíam doença crônica, 96,5% (n=83) utilizavam medicamentos de maneira contínua e 3,5% apesar de possuir doença crônica não utilizavam medicamento. Dos cidadãos que utilizavam medicamentos continuamente, apenas 37,8% levaram para o hospital todos os medicamentos, 71,6% não levaram prescrição médica e apenas 8,5% levaram algum cartão ou folha com anotações sobre os mesmos. Os cidadãos citaram 258 medicamentos de 78 tipos, sendo os hipoglicemiantes, anticoagulantes e anti-hipertensivos os mais utilizados. Sobre o uso contínuo de medicamentos, 81,9% informaram no hospital durante a admissão, porém em apenas 14,4% dos prontuários continham todos os medicamentos. Dos 130 cidadãos, apenas 59% (n=77) que utilizavam medicamentos de forma contínua em domicílio antes da admissão participaram da etapa de verificação da conciliação. Desses, a maioria eram mulheres (62,3%), idade média de 60 anos e as doenças que causaram mais internações foram hipertensão (76,6%) e diabetes (42,8%). A incidência de discrepâncias de conciliação foi de 100% e a prática da conciliação ocorreu em 23,4% dos prontuários para alguns medicamentos e em 6,5% para todos. O número total de medicamentos envolvidos nas discrepâncias foi 465, sendo encontrada uma média de 1,83 discrepâncias por cidadão. Ao todo foram encontradas 141 discrepâncias, sendo que 50,34% não requeriam esclarecimentos com o prescritor e 49,66% requeriam esclarecimentos. Conclusões: A falta de informações no momento da internação revela resultados preocupantes, já que a maioria dos prontuários não continham dados essenciais para uma adequada terapia medicamentosa, revelando falhas na comunicação e documentação. Para esse enfrentamento, a instituição da prática da conciliação medicamentosa pode diminuir os erros de medicação, custos e readmissões hospitalares, proporcionando maior segurança aos cidadãos.