A Terapia Espelho (TE) explora os efeitos obtidos pela percepção visual através do espelho, proporcionando ao paciente um feedback visual positivo, o qual provocará uma alteração da excitabilidade do córtex motor correspondente à lesão e, consequentemente, estimulará a neuroplasticidade, favorecendo uma restauração dos padrões motores. Em indivíduos com diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC), a TE pode promover uma melhora na percepção sensorial do membro acometido, favorecendo a sua interação com o mesmo e revertendo problemas comuns apresentados. Por isso, buscou-se analisar os efeitos da TE sobre a motricidade e funcionalidade do membro superior parético de indivíduos com AVC. Sendo assim, esta pesquisa trata-se de um estudo experimental, prospecticvo, de natureza quantitativa, do tipo série de casos, com uma amostragem por conveniência, não probabilística e não intencional. A pesquisa foi desenvolvida na Clínica Escola de Fisioterapia da Faculdade de Ciências médicas da Paraíba, onde foram selecionados 10 indivíduos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Todos os voluntários que participaram da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme as exigências do CNS e em acordo com a norma 466/12 que rege sobre pesquisas com seres humanos. Os dados foram coletados no início e ao final de todas as sessões, por meio da Escala de desempenho físico de Fugl-Meyer e a Escala Modificada de Ashworth. O tratamento ocorreu em 10 sessões, três vezes por semana de 50 minutos cada seguindo um protocolo estruturado. A análise estatística foi executada no SPSS 20.0 (IBM SPSS Inc., EUA), com 95% de confiança (p<0,05). A análise do efeito da intervenção foi realizada pelo teste de Wilcoxon não paramétrico. As relações entre variáveis quantitativas foram estimadas pelo coeficiente de correlação de Spearman. Os dados foram reportados por mediana e amplitude interquartil. O estudo teve 10 participantes de ambos os sexos, com idade média de 54 anos, sendo o dimidio direito mais acometido (80%) e metade da amostra com diagnóstico de AVE isquêmico. Pela Escala de Fugl-Meyer, antes e após a terapia, constatou que houve melhora significativa de 25 pontos, certa de 21% (p=0,043), do escore total da escala. De modo específico, foram verificados ganhos significativos nos movimentos voluntários (p=0,042), nos movimentos voluntários sem sinergias (p=0,039), na mão (p=0,041), no movimento passivo articular (p=0,041) e na dor articular (p=0,043). Pela Escala de Ashworth Modificada, houve uma tendência à melhora, partindo da mediana de 20,1 para 22,1 (p=0,080). O presente estudo demonstrou que a TE proporcionou uma recuperação significativa na função motora, coordenação, sensibilidade e mobilidade articular, influenciando de maneira positiva na funcionalidade e na motricidade do membro superior parético dos indivíduos acometidos pelo AVC desta pesquisa. Neste sentido, a TE se mostrou uma alternativa terapêutica bastante promissora para a reabilitação neurológica, podendo ser implantada na rotina clínica por ser acessível e de baixo custo.