Introdução: O aumento do número de casos de indivíduos infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), promoveu a mudança no perfil epidemiológico da doença. Tais mudanças fizeram emergir um novo cenário caracterizado pela cronicidade da epidemia, onde as pessoas vivendo com HIV passaram a ter melhores prognósticos, aumento da sobrevida e melhor qualidade de vida, possibilitando-lhes reorganizar e planejar aspectos futuros de sua vida, tais como a carreira profissional, novas relações afetivas/amorosas e escolhas reprodutivas. Assim, o objetivo desse estudo é refletir sobre a atuação dos profissionais de saúde na atenção básica referentes ao exercício da sexualidade em mulheres que vivem com HIV. Metodologia:Trata-se de um ensaio teórico-reflexivo que propõe uma discussão acerca da abordagem às questões ligadas ao exercício da sexualidade em mulheres que vivem com o HIV. Essa investigação parte da percepção dos profissionais da saúde sobre a temática até sua práxis. O plano de fundo para a problematização é a atenção básica devido a capilaridade de suas ações. Resultados: Neste campo torna-se legitimo reconhecer o desejo pela maternidade das mulheres vivendo com o HIV/AIDS e pelo exercício pleno da sua sexualidade, compreendendo-a para além das práticas sexuais, é a sexualidade que fala do corpo, do prazer, da intimidade, da reprodução, das orientações sexuais, da identidade de gênero, das vulnerabilidades, dos parceiros afetivos sexuais, dos fatores legais, espirituais, religiosos, a vivência da sexualidade como algo natural da vida e essencial.Contudo, nem sempre a devida abordagem referente a essas questões é desenvolvida na prática assistencial, mesmo nos serviços especializados de atendimento a esses indivíduos. Os profissionais de saúde apresentam posturas que, muitas vezes, vão contra as reais demandas, valores e direitos desses indivíduos, desenvolvendo práticas que aumentam as vulnerabilidades dessa população e as desencorajam, principalmente, sobre suas escolhas reprodutivas. É preciso, portanto, que os profissionais de saúde, que compõe as equipes interdisciplinares, participem de capacitações e do processo de educação permanente para que os mesmos possam desenvolver o cuidado em saúde numa perspectiva mais abrangente, mais concernentes com as demandas expressas por essas mulheres, rompendo com modelo biomédico. Conclusões: Entre os muitos fatores para explicar as barreiras envolvidas no acesso às práticas de prevenção, como sexo seguro e adesão a tratamentos para HIV/AIDS, e a possibilidade de fazer opções conscientes quanto à maternidade, em mulheres vivendo com o HIV/AIDS, estão a falta de apoio dos profissionais da saúde e o despreparo dos mesmos para lidarem com essas questões.A análise das práticas e percepções dos profissionais de saúde ajudará a fortalecer a rede de cuidados às mulheres infectadas, diagnosticar quais estratégias podem ser utilizadas para o processo de educação permanente e educação continuada desses profissionais, fortalecimento das políticas públicas e promoção da qualidade de vida dessa população. Por fim, estas ações poderão contribuir para articulação intersetorial, que inclui todos os níveis de atenção à saúde, educação, assistência social, direito e a participação social norteando intervenções concretas nesses contextos.