A transição demográfica é um processo mundial onde a taxa de idosos cresce consideravelmente a cada ano e exige uma discussão acerca das mudanças fisiológicas que acometem os idosos. Entre essas mudanças está o comprometimento da saúde bucal, incluindo o processo de perca de dentes que historicamente não recebeu atenção devida. A precariedade da saúde bucal da população idosa brasileira e paraibana afeta a capacidade de mastigação do idoso que está intimamente ligada à condição nutricional, à percepção e ao estado emocional. Esse relato de caso justifica-se na experiência vivida com uma idosa e na importância da saúde bucal na qualidade de vida. O objetivo da conversa foi conhecer, a partir de relato, a percepção da idosa frente à sua saúde bucal e como a sua autoimagem interfere no seu dia-a-dia. Observou-se, na Unidade de Saúde no Município de Campina Grande – PB, idosos que tinham insatisfação com a própria saúde bucal e foi através das visitas de rotina do Hiperdia que contemplamos três idosas que integram o programa e direcionamos a seleção a uma idosa de 74 anos de idade por ser muito comunicativa e conversar abertamente sobre o problema. Não identificamos nenhum dente íntegro e totalmente saudável na boca da idosa, o que visivelmente atrapalha sua mastigação, absorção dos alimentos e consequentemente seu estado nutricional. A idosa é bastante dinâmica, porém mostrou-se insatisfeita sempre que perguntada diretamente sobre sua opinião em relação à dentição. A autoestima mostra-se afetada, tendo em vista que apesar de ser muito comunicativa a idosa por diversas vezes leva a mão à boca durante a fala e que também sorri de forma desajeitada, aderindo ao mesmo gesto durante o ato. Mostrou-se conformada com a sua condição por ver o problema com naturalidade, como um processo natural e inevitável do envelhecimento, mostrou ainda pouco domínio de informações sobre a prevenção, o tratamento e a manutenção da saúde bucal e como o seu problema poderia ser melhorado. Apesar de haver um consultório odontológico na Unidade de Saúde da Família, a idosa relata nunca ter participado de uma atividade educativa sobre o tema e demonstra interesse em participar de reuniões, de iniciar um tratamento odontológico, entretanto relata desânimo ao lembrar-se da demora para conseguir atendimento na USF. Portanto, é essencial um engajamento e maior integração das USF em oferecer atendimento tanto na unidade quanto nos domicílios, com a realização de educação em saúde, a fim de proporcionar aumento da autoestima, satisfação pessoal, melhoria da nutrição e qualidade de vida da população idosa da comunidade. Dessa forma os profissionais de saúde da unidade podem intensificar o plano de cuidados em saúde bucal específicos para essa faixa etária, tendo em vista as várias alterações fisiológicas que prejudicam a autoestima dos idosos e a correção de um sorriso teria grande relevância para o bem-estar dessa população.