As produções literárias amazonenses voltadas para o público infantil e juvenil surgidas no mercado editorial abarcam diferentes gêneros, contudo, há grande evidência para o gênero narrativo. O presente estudo analisa a literatura infanto-juvenil amazonense na perspectiva do imaginário, focando especificamente no regime noturno e diurno das imagens presentes nas histórias elencadas para este estudo. Para tanto, tomar-se-á como teórico de base Gilbert Durand, discípulo de Gaston Bachelard, pois se considera como fundamental para o esclarecimento do que vem ser o imaginário e de como ele se inscreve e se ressignifica nos regimes das imagens. Como dito antes, Durand foi discípulo de Bachelard e sua importância reside no fato de ele ter sistematizado os estudos de seu mestre, permitindo assim uma melhor compreensão acerca do imaginário quando este o categoriza em dois regimes: o noturno e o diurno. É Durand também que nos diz que os significados em torno do imaginário não são estantes nem tampouco homogêneos. Para ele, cada sociedade cria seu imaginário e atribui um significado conforme seus valores, suas crenças e seu modo de ver o mundo. Daí que a interpretação do texto literário, na perspectiva do imaginário literário, dependa muito do contexto histórico e social no qual as imagens se inscrevem e da bacia semântica produzida pelo grupo social em torno dessas imagens. E por ser uma área diversificada e muito rica, elencou-se como objeto de estudo do presente trabalho as narrativas infanto-juvenis amazonenses “Tikuã e a origem da anunciação” e “Lua Menina e Menino Onça”, ambas de escritores indígenas da etnia maraguá, localizada no Médio Amazonas. O presente estudo, além de fazer um estudo crítico das duas narrativas na perspectiva do imaginário, busca também dar visibilidade a literatura indígena amazonense que desde 2001 vem sendo publicada no mercado editorial, contudo há poucas pesquisas científicas em torno delas.