A linguagem faz parte do nosso cotidiano e a partir dela constituímos as relações de comunicação e interação uns para com os outros. Em seu entorno, surgem e regularizam-se espécies de textos que se adequam às diversas situações nas quais estamos inseridos. Com o constante avanço tecnológico e viabilização dos meios de comunicação, as redes sociais têm sido importantes ferramentas de interação social, promovendo a abertura dos gêneros convencionais, por assim dizer, para os gêneros digitais ou virtuais, onde a flexibilidade e a possibilidade de modificação em tempo real são permitidas. Porém, levando-se em consideração a emergência desses textos e a mobilidade de sua constituição, nem sempre podemos afirmar que se trata de um gênero com características fixas, recorrentemente estanques ou prevalentes. O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão teórico-crítica a respeito dos textos de comentário de opinião abordados em alguns materiais de ensino (o livro didático, por exemplo) como um gênero digital, apresentando-o como um modelo padronizado, e sua relação com a internet e mídias sociais, a partir de uma análise consonante com a teoria da tipologia dos gêneros e sua abordagem em sala de aula. Para tanto, no perfil metodológico, tomamos como exemplos neste estudo, textos e excetos de textos retirados de páginas virtuais, de redes sociais, para que sejam confrontados com a teoria que nos assiste, considerando a discursividade dialética dos gêneros textuais em Marcuschi (2008), as práticas linguageiras e sua relação com o ensino em Schneuwly & Dolz (2004), como também a configuração do folheado textual apresentada por Bronckart (1999). Neste prospecto, concluímos que, bem como a linguagem, os gêneros digitais – e os meios aos quais estão vinculados – evoluem e, com eles, a flexibilização das tipologias textuais, como a abertura para constituição de textos que variam conforme a dialogicidade das questões abordadas, permitindo modificações online, em tempo real, desmistificando a fixidez das características, por vezes, preconizada nos livros didáticos adotados na escola, cabendo ao professor a mediação reflexiva, bem como novas abordagens em sala de aula.