A necessidade de um letramento eficiente acarretou um debruçamento acadêmico gingatesco na ultimas décadas. Podemos hoje falar em multiletramentos, como sendo atos de leituras que envolvem articulações de diferentes modalidades de linguagem além da escrita, que podem ser a imagem (estática e em movimento), a fala e a música. Dentro desta perspectiva a apropriação dos multiletramentos traz consigo uma diversidade de contextos locais e globais que garantem protagonismo do alunado de todas as classes, gêneros e culturas.
O domínio dos multiletramentos, é uma variante significativa e reflexiva, que enxerga as práticas sociais dentro de suporte e gêneros diferente. Em se tratando de gêneros textuais sociais, a Ciranda vem com todo arcabouço social e cultural da história de Itamaracá, onde temos a episteme do movimento. A ciranda é um gênero oral, que não é escrito, pois é cantado e seus versos, também chamados de loas, são improvisados pelo mestre cirandeiro, que é quem comanda a roda de ciranda. Por tempos, a ciranda foi conhecida ou associada a brincadeiras de criança, mas não o é. Nasceu com as mulheres dos pescadores que os esperavam de longos períodos no mar, e quando eles aportavam dos barcos, às mulheres cantavam a ciranda em homenagem a chegada dos pescadores, dos peixes e frutos do mar.
Entendemos que os multiletramentos reconhece a ciranda como uma pratica social cultural que não deve ser desprezada, mas reconhecida e valorizada, pois tal gênero oral traz em seu percurso representações históricas e lingüísticas dessa população.
Para tal entendimento buscamos levantamento metodológico de cunho documental, e qualitativo, pois entendemos que ambos podem nos ajudar de sobremaneira entender o fenômeno social que recai ante a ciranda dentro do multiletramento.