Ao longo dos anos têm sido recorrentes as publicações em torno de questões ligadas à leitura literária nas escolas. Essas discussões justificam-se, principalmente, pelo fato de diversas publicações, atestarem ainda, dados considerados insatisfatórios em relação às taxas de leitores de literatura no Brasil. Nas escolas, muitos alunos ainda não consolidaram o gosto pela leitura, não leem com proficiência muitos dos textos com os quais se deparam e não se posicionam criticamente diante dos mesmos. Nesse cenário, inúmeros pesquisadores, tais como (2014), Colomer (2007), Zilberman (2012), Terra (2014), Brait (2015), Jouve (2012) e Compagnon (2010), têm discutido sobre a leitura literária na escola, procurando evidenciar o lugar que deve ser ocupado pela mesma e o papel do professor como mediador desse processo. Concomitante a essa discussão, tais pesquisadores têm preconizado alternativas metodológicas que possam guiar o trabalho do professor, visando (re)significar o contexto da ação docente, com vistas a promoção da formação leitora do aluno. Diante disso, o presente trabalho visa contribuir para uma (re)significação do trabalho com a literatura, com vistas a promoção de alunos leitores. Nosso trabalho, que será direcionado para turmas de 9º ano do Ensino Fundamental, sustenta-se na proposta de implantação de círculos de leitura criada por Cosson (2014). Os círculos de leitura acontecerão quinzenalmente durante um bimestre, totalizando aproximadamente 10 aulas. Tendo em vista o público para o qual direcionaremos a proposta de intervenção, trabalharemos a versão infanto-juvenil do romance inglês Jane Eyre (1847). Reconhecemos que antes, porém, por parte do professor, faz-se necessário um contato com uma edição mais densa, logo, mais rica em detalhes. A escolha da obra justifica-se do gênero Bildungsroman e apresenta uma mulher emancipada, a frente do seu tempo. Além do viés feminista, a obra condiciona uma reflexão acerca da raça humana, podendo ser inserido na perspectiva da crítica póscolonialista, uma vez que percebemos, através das personagens Bertha Mason, – a jamaicana - e Jane Eyre, a narradora inglesa, indícios de superioridade da raça branca sobre qualquer outra raça.