A negação é um universal linguístico presente em todas as línguas, cada uma das quais revelando formas particulares de manifestar o ato de negar, mental por natureza, humano por excelência. O objetivo deste trabalho é descrever o funcionamento linguístico-discursivo de uma das formas mais prototípicas de negação em língua portuguesa, o NÃO pré-verbal, no processo de constituição da estrutura negativa correlata “NÃO pré-verbal... e SIM”, em textos produzidos por vestibulandos da Universidade Estadual da Paraíba. Com base no Funcionalismo Linguístico de vertente norte-americana, especialmente na abordagem sociocognitiva do processo de gramaticalização das construções linguísticas (GIVÓN, 1979, 1984, 1990, 2012; TRAUGOTT, 1984; HOPPER, 1987; TRAUGOTT & HEINE, 1991, HEINE et alii, 1991), observamos que a estrutura em análise pode apresentar uma trajetória sincrônica de gramaticalização em franca mudança, a partir de seus usos mais conectivos e modalizadores/argumentativos, tendo em vista a constituição de uma construção correlata negativa através da qual é possível flagrar o funcionamento da negação por meio da afirmação, em que se nega uma ideia para, posteriormente, (re)afirmá-la, num movimento sintático-semântico-discursivo a que chamaremos de encapsulamento do NÃO pré-verbal por retroação afirmativa, ou construção correlata negativa por retroação afirmativa. Para tanto, comparamos as abordagens tradicional e funcionalista no tratamento dado ao advérbio de negação NÃO, tendo em vista a sua constituição como construção correlata negativa, nos textos dos vestibulandos, mais particularmente, em artigos de opinião sobre a prática de downloads de conteúdos da internet, tema do concurso Vestibular da Universidade Estadual da Paraíba, no ano de 2012.