Este artigo se propõe a apresentar uma análise comparativa entre a versão medieval de A Cocanha a história de um país lendário, de Hilário Franco Júnior, e as versões dos cordéis Viagem a São Saruê, de Manoel Camilo dos Santos, e Viagem ao Céu, de Leandro Gomes de Barros. Observaremos como a tradição popular preservou através de séculos o sonho de um lugar de fartura e muita disposição para usufruir tranquilamente o melhor que a vida pode oferecer, por isso, nosso objetivo é apontar possíveis acréscimos e/ou supressões realizadas pelos cordelistas a partir da primeira versão em análise. Nossa pesquisa surgiu no âmbito da disciplina Literatura Comparada, ministrada pela professora Paloma Oliveira, oferecida pela Universidade Federal de Campina Grande. O procedimento metodológico de análise está centrado na seleção de recortes textuais que tematizam e referenciam três principais elementos existentes nas três obras: a abundância, a ociosidade e a juventude. Nossa análise está caracterizada a partir dos principais elementos da Literatura Comparada para isso nos embasaremos em Nitrini (2015) e Carvalhal (1986) também focaremos no aspecto, a princípio oral, dessas narrativas em folheto baseado nas concepções de Abreu (1999). Por fim, confirmamos que o sonho utópico de um lugar permeado pela abundância é um desejo universal e atemporal, ainda que sua primeira expressão tenha sido há séculos, tais narrativas chegando a se consagrarem popularmente também pela literatura de cordel. Percebemos a influência da primeira obra sobre as outras versões pela permanência do lugar imaginário em que todas as obras analisadas o narrador personagem chegou a visitar este lugar idealizado.