João Cabral de Melo Neto inscreveu-se na tradição da literatura brasileira graças ao seu modo singular de trabalho com a palavra: objetividade, inventividade e representação social. Isto faz com que professores e mediadores, em geral, da leitura literária julguem de fulcral importância dar a ler as obras cabralinas, ainda que encontrem alguma resistência na recepção do corpo discente. Assim, o trabalho que ora apresento vem tentar ser um oásis referencial para uma possibilidade de se levar João Cabral para a escola: a relação com as linguagens artísticas que já olharam para sua obra. Desse modo, proponho a partida da transcriação em Hq, da Animação Cinematográfica e da Canção – ora para chegar ao texto base (Morte e Vida Severina), ora para problematizar os signos em rotação (PAZ, 2013). A metodologia desta proposta felicita-se por trazer à baila uma discussão acerca de uma vivência real com os textos supramencionados, no âmbito do projeto de pesquisa e extensão Sala de Leitura da Comunidade de Roda de Fogo. Logo, a socialização dessa vivência pedagógica pretende auxiliar a mediação da obra de João Cabral com olhares de paridade entre as artes, tendo a aula de Língua Portuguesa – em seu eixo de Ensino de Literatura – o lugar de acontecimento da formação crítica-reflexiva em arte. Como referencial teórico, utilizarei às percepções de Clüver (2006) acerca da relação interarte por uma visão horizontal na relação da linguagem literária com as artes em geral, bem como a visão de Cândido (2006) que versa acerca do direito à literatura e à arte como modo de complexificação do ser social. Em linhas gerais, esta proposta visa contribuir com a formação do leitor literário em linhas de atuação relacional da literatura com as linguagens de tempo e espaço diverso e de alcance mais frequente dos alunos, com o objetivo central do alcance e da formação leitora crítico-reflexiva para além do espaço escolar.