Zilberman (1987) discute que a Literatura Infantojuvenil Brasileira apresenta, em seu percurso histórico, duas vertentes constitutivas de seus textos: uma autoritária e outra emancipatória. Esta afirmação só pode ser defendida quando, a partir da análise dos elementos formais da narrativa (tempo, espaço, enredo, personagem, narrador), podemos verificar se as obras assumem fins predominantemente didatizantes, próprios da vertente autoritária, ou apresentam dados de construção identitária constituinte da vertente emancipatória. A partir deste princípio, selecionamos para este artigo os estudos realizados sobre as formas de narrar e seus mecanismos de concretização na obra Raul da Ferrugem Azul (1979) da autora Ana Maria Machado. Em nossa análise verificaremos as marcas ideológicas encontradas no discurso do narrador que indiquem possíveis relações com as duas vertentes discutas na fundamentação teórica supracitada. Nesse sentido, faremos considerações sobre a obra dentro dos princípios estético-ideológicos propostos por Khéde (1990) e, unidos a estes, analisaremos a concretização do narrador na obra estudada, respondendo ao objetivo estipulado. Para tanto, adotamos ainda os textos de Zilberman e Magalhães (1987), Palo e Oliveira (2005), Safra (2006) e Zilberman (2005).