O debate em torno do desenvolvimento do semiárido brasileiro é motivo frequente de inquietantes debates nos mais variados espaços de tomada de decisão. Historicamente, a Intervenção do Estado brasileiro nessa área, esteve sob o esteio da política hidráulica, elegendo a seca como promotora da miséria e pobreza regionais. Nesse sentido, sua atuação pautou-se pela difusão em todo o semiárido, de reservatórios de pequeno, médio e grande porte para captar água e resolver os problemas crônicos que afligiam a população. Os resultados dessa ação não resultaram em mudanças significativas como era esperado, fazendo permanecer o estado de calamidades social. Esta maneira de encarar as problemáticas do/no semiárido, caracteriza o paradigma do combate a seca. Contudo, as últimas décadas do século XX apresentam uma nova perspectiva para o desenvolvimento do semiárido e formas participativas e descentralizadas de encarar os problemas existentes. O pensamento emergente que se consolida com a criação da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) em 1999, mostra que a natureza não pode ser combatida, mas, que podem ser desenvolvidas estratégias para se conviver com esta, se instala então, o paradigma da convivência com o semiárido. As tecnologias sociais hídricas difundidas pelas áreas rurais sertanejas estão causando uma transformação social e econômica na vida das famílias beneficiadas, possibilitando-as, a partir da captação de água através das tecnologias do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), a produção de alimentos para consumo e a comercialização do excedente. O objetivo desse breve texto é mostrar que outra lógica de pensar o desenvolvimento do semiárido está em movimento e que não pode passar despercebida pelo olhar do geógrafo.