GOMES, Dafne Imperiano et al.. Idosos, violência e práticas de saúde. Anais III CIEH... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/2316>. Acesso em: 19/12/2024 12:49
Na contemporaneidade à mudança dos indicadores de saúde, como a queda da fecundidade, da mortalidade e o aumento da expectativa de vida, tem contribuído para o aumento acelerado do número de idosos na população. Por conseguinte, o envelhecimento populacional tem favorecido ao desenvolvimento da violência contra as pessoas idosas, particularmente no âmbito privado, atingindo todas as populações independentemente dos fatores sociais, econômicos e culturais, deixando de ser considerado como problema particular de cada família para figurar como relevante problema de saúde pública. O estudo tem como objetivo refletir sobre a modalidade de cuidado oferecido aos idosos em situação de violência doméstica. É do tipo exploratório-descritivo, realizado por meio de revisão bibliográfica, utilizando como referencial teórico artigos publicados nos periódicos científicos brasileiros, no período de 2008 a 2012. As análises e interpretações foram realizadas através da aproximação crítica dos autores, de modo a construir a síntese integradora do trabalho. No estudo preliminar de revisão bibliográfica realizada, observamos que dentre as várias formas de violência que acometem a população idosa, destacam-se os maus-tratos e a negligência cometidos no âmbito familiar. Verificamos que esta se apresenta como um fenômeno multicausal, de conceituação complexa, que envolve dimensões socioculturais, ocasionando dificuldades para determinação de sua prevalência e magnitude. Pois a falta de integração das fontes de informação e as elevadas taxas de subnotificação dos casos contribuem para a imprecisão dos dados. No entanto, apesar das dificuldades evidenciadas, os estudos têm sugerido que a violência contra os idosos tenha prevalências mais altas do que muitas patologias alvos de programas de controle em todo o mundo. No Brasil, ainda não se encontra definida a prevalência do problema, todavia, as características da sociedade brasileira atual, tais como: as sérias dificuldades socioeconômicas para um grande contingente populacional, o preconceito contra o envelhecimento e o culto à juventude, são fatores que tem contribuído para a disseminação da violência entre os grupos de idosos. No tocante a saúde, o cuidado aos idosos em situação de violência doméstica faz parte das políticas públicas de saúde e se inserem na perspectiva de integralidade, qualidade e resolutividade da atenção para efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, os serviços de saúde do ponto de vista estratégico, ainda não desenvolvem ações articuladas, convertendo em ações fragmentadas, independentes e ineficazes, restringindo o apoio interdisciplinar que ajude os idosos a refletir sobre sua condição, a reconhecer seus direitos, resgatar sua autoestima e a romper com o ciclo da violência. Assim, a atenção aos idosos extrapola a oferta existente, exigindo dos serviços de saúde uma organização complexa; contínua atualização dos procedimentos, condutas e capacitação de equipes interdisciplinares, de modo a ampliar as percepções e aperfeiçoar os mecanismos de atuação política em prol de melhores condições de assistência aos idosos brasileiros em situação de violência doméstica. Desse modo, a complexidade que envolve a questão, exige ações eficientes capazes de dar conta das inúmeras demandas apresentadas, na perspectiva de atenção integral à saúde do idoso.