Este trabalho tem como objetivo promover algumas reflexões sobre as interações entre uma criança com paralisia cerebral (chamada Laura, também denominada de sujeito focal) com parceiros de idade e suas professoras no contexto de uma sala de aula, numa escola de educação infantil pertencente à rede pública de ensino da cidade de Maceió. Busca-se compreender o processo de significação que configura modos de atuação entre Laura, as crianças e suas professoras, estabelecendo especial atenção para comportamentos e/ou habilidades manifestas pelas crianças e a natureza do foco pedagógico expresso pelas professoras quando no manejo do sujeito focal. Os dados que embasaram estas reflexões resultaram de recortes, por episódio, do material empírico produzido em estudo longitudinal desenvolvido num período de 6 meses utilizando observação videogravada das atividades desenvolvidas com o sujeito focal na sala de aula, bem como da realização de entrevistas com as três professoras que atuaram com Laura e sua família, sessões de autoscopia de episódios videogravados das atividades em sala de aula com a professora auxiliar e registros adicionais do pesquisador em diário de campo. Para esta comunicação optou-se por utilizar apenas os dados decorrentes de três episódios de interação recortados dos registros videográficos que foram analisados numa perspectiva microgenética. As análises permitem considerar que as interações no cotidiano da inclusão estão repletas de significações que indicam a prontidão de crianças de acompanhar demandas do sujeito focal, através de manifestações de cuidado e prontidão para atuar em co-participação com o adulto. Adultos apresentam dificuldades para aceitar a co-participação de crianças nas interações partilhadas com o sujeito focal, pode-se destacar a rigidez com que a professora auxiliar persegue seus objetivos pedagógicos em detrimento dos arranjos interacionais nas trocas intragrupais. Por fim, destaca-se que o papel da professora (do adulto) nas interações do cotidiano da inclusão enquanto um dos elementos fundamentais para sua configuração como prática pedagógica: a professora pode, como demonstrado no terceiro episódio, atuar em colaboração e numa perspectiva de orientação na promoção da interação entre crianças com desenvolvimento típico e necessidades especiais. Defende-se o uso reflexivo em processos formativos das análises de episódios de interação para fomentar a formação de professores na educação infantil com o intuito de aprimorar práticas pedagógicas no campo da educação inclusiva.