Esta comunicação foi construída a partir de investigação antropológica em andamento conduzido entre jovens negros do sexo masculino de escola pública nas cidades de São Félix no Recôncavo Baiano, Bahia. Busca investigar os processos cotidianos que tem conduzidos esses estudantes a abandonarem as salas de aula do Ensino Médio. Partindo de dados do PNAD/2009, a distribuição percentual dos estudantes por curso frequentado, segundo sexo-cor/raça se percebe que são as mulheres brancas que apresentam uma distribuição mais igualitária considerando todos os níveis de ensino. Importa privilegiar aqui análises que deem conta da complexidade das interações entre relações de gênero e raça para interrogar a produção dessas desigualdades educacionais e buscar compreender como as representações são construídas, assumidas e apropriadas no contexto das formações discursivas e das relações de poder subliminares, sob a forma do poder simbólico. Essa análise de dados empíricos está sendo construída a partir de procedimentos metodológicos quantitativos e qualitativos, e tenta estabelecer uma visão mais aprofundada a respeito dos fatores que interferem no percurso dos estudantes negros e suas percepções em relação às próprias trajetórias familiares e escolares. Estamos falando de determinadas formas de masculinidade que fazem parte da trajetória de um grupo significativo desses rapazes, daqueles que estão mais abaixo no conjunto das hierarquias de classe e de raça, um caminho que desemboca em atitudes anti-escola, em fracasso escolar. Há relações de gênero que, se não explicam esses fenômenos como um todo, não podem ser dispensadas para entendê-los.