A sexualidade só começou a ser tema de aulas a partir de 1996 e de maneira tímida enfocando a saúde, a higiene e gravidez na adolescência e de forma restrita às aulas de Biologia. As escolas em geral, ainda se comportam como se as pessoas que frequentam o ambiente escolar são assexuadas ou a sexualidade é um adereço podendo ser usado ou não conforme o local e a necessidade sendo que na escola é proibido uma vez que para as crianças é cedo a sua expressão, os adolescentes por outro lado precisam ser orientados e fiscalizados para se comportarem de acordo com os padrões sociais e para os adultos o sexo é assunto privado que só interessa ao casal. Em se tratando de uma orientação sexual diferenciada da heterossexualidade a situação é ainda mais complicada, pois nesse caso, é como se tal pessoa não existisse. Embora o silêncio imposto à sexualidade, gênero e diversidade sexual são assuntos necessários devido à urgência de se preparar para a cidadania e o respeito às diferenças próprias de qualquer país democrático e civilizado. A instituição dos temas transversais se constituiu num grande avanço, pois foram pensados exatamente com o intuito de pautar as relações sociais no respeito às singularidades. Os alunos devem ser orientados a reconhecerem que as características atribuídas ao masculino e ao feminino são assimiladas culturalmente e que devem posicionar-se contra discriminações a elas associadas. A escola mais do que nunca precisa assumir seu papel de formar cidadãos livres, autênticos, respeitadores e felizes, ao invés de fabricar indivíduos dóceis, úteis, produtores e consumidores para o mercado de trabalho. É tempo de superarmos as teorias tradicionais do currículo, atentando para o seu poder de selecionar e de fabricar pessoas de modo a garantir o consenso e a hegemonia. Não podemos como escreveu Esther Diaz em seu livro A Filosofia de Michel Foucault “ser engrenagens da máquina panóptica prolongando indefinidamente seus poderes de aviltar e denegrir.” (2012, p. 143).