Por suas experiências de vida, os idosos sempre foram respeitados e considerados como orientadores para os mais novos. Apesar da crescente desvalorização das orientações dadas por esse grupo pelas novas gerações, vemos que suas opiniões parecem ser determinantes para as decisões no ambiente familiar. Nota-se a influência desse grupo sobre o modo de criar os bebês. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, muitas avós são repensáveis por cuidar das crianças. Há uma série de fatores que influenciam a ingestão alimentar e hábitos das crianças. Sabe-se bem que os hábitos, preferências e aversões são estabelecidos nos primeiros anos e levados até a fase adulta, quando à alteração desses hábitos são mais complicados. As principais influências na alimentação nos anos iniciais de vida e desenvolvimento incluem, principalmente: o ambiente familiar, as tendências sociais, as mensagens da mídia, a influência dos amigos, e a presença de enfermidades ou doenças. A influência familiar sobre a saúde se constrói a partir da troca de saberes provenientes da relação geracional. É nesse aspecto que se propagam os mitos e crenças que permeiam a prática do aleitamento materno e alimentação complementar. É nesse intercâmbio de saberes que as avós assumem um lugar preponderante nas decisões familiares, visto que estas são as principais responsáveis por repassar as experiências consideradas exitosas para as futuras gerações. Compreendendo esse processo histórico-educativo informal, desenvolveu-se um projeto temático para ser trabalhado com idosos em dois programas de extensão, o Programa Trilhas Potiguares e o Projeto Rondon. O presente trabalho tem como objetivo relatar as vivências e experiências construídas com as idosas durante o Projeto Vovó Amiga do Peito em municípios do Rio Grande do Norte e da Bahia. O corpus do trabalho é composto pelo diário de campo. A metodologia é a análise do vivido baseada nas ideias de vivência e experiência de Josso. O projeto de extensão “Vovó Amiga do Peito” foi desenvolvido baseado nas ideias de educação dialógica de Freire. Nas duas cidades foram realizados encontros pensado com espaço pedagógico dialógico que auxiliaram na (re)construção de saberes referentes às práticas de aleitamento materno e alimentação complementar. Foram realizados quatro encontros em cada cidade. Os temas foram abordados por meio de dinâmicas, apresentações expositivas, rodas de conversa e outras metodologias ativas possibilitando conhecer as vivências e experiências de todos os participantes para auxiliar na (re)construção do conhecimento do grupo. As experiências com grupos de ambas as cidades foram enriquecedoras. Observou-se resistência inicial das avós na incorporação do aleitamento materno exclusivo como pratica, portanto foi percebido a importância dos temas abordados para a desmistificação de conceitos. Ressalta-se a importância desse grupo na criação e formação dos hábitos alimentares das crianças. Assim, a prática foi de extrema importância, não só por nos proporcionar uma vivência e experiência mais ampla e completa para a formação profissional, mas também por agregar, inovar e renovar os conhecimentos das vovós, para que essas continuem cuidando e perpetuando seus cuidados da forma mais adequada, mas cada uma com sua identidade da maneira de cuidar.