O presente trabalho tem como objetivo demonstrar os processos e os discursos que legitimaram a exclusão da loucura do convívio social a partir da justificação da categorização do louco como possuidor da desrazão e da periculosidade. O louco passa a ocupar um novo lugar social: o asilo. O tratamento médico com fins terapêuticos, proposto por Pinel, que passa(ria) a estar presente no hospital não consegue atingir o seu objetivo, que seria a ‘medicalização’ de um espaço social de exclusão. O hospital continuou a ser o lugar onde os loucos eram submetidos a constantes e intensos controles sociais e morais. Os discursos dos saberes psi legitimaram a loucura como doença, levando-a ao domínio científico, passando os loucos a serem seus objetos. A Psiquiatria passou a centrar o seu saber na doença e não no sujeito. A Reforma Psiquiátrica acarretou novos paradigmas acerca da compreensão acerca da Saúde Mental, que deve ser entendida a partir de uma construção transversal, complexa e simultânea de saberes. Com a Reforma houve transformações no pensamento do sofrimento mental, que possibilitaram o surgimento de novos espaços e ações de promoção à saúde, com foco no sujeito e não mais na doença. O Movimento Reformista demonstrou a necessidade da redefinição do objeto da psiquiatria e exigiu uma reformulação nas quatro dimensões: teórico conceitual, jurídica, técnica assistencial e sociocultural.