A violência contra mulheres é uma grave violação dos direitos humanos podendo se manifestar de várias formas e em diferentes graus de severidade. Seu impacto varia entre consequências físicas, sexuais e psicológicas, incluindo a morte. Podemos percebê-la como um fenômeno cotidiano que ocorre tanto no plano micro, do âmbito doméstico, que, em tese deveria ser o refúgio das pessoas frente a toda forma de violência, quanto no plano macro, da violência estatal. Ela afeta negativamente o bem-estar geral das mulheres e as impede de participar plenamente na sociedade, deixando marcas profundas no corpo e na alma. A violência não tem consequências negativas apenas para as mulheres, mas também para suas famílias, para a comunidade e para o país em geral. Mesmo tendo a violência sempre existido, tudo levaria a crer que, com a ascensão do feminismo, as coisas progrediriam e uma maior igualdade entre homens e mulheres levaria, inevitavelmente, a menos violência. Mas, aparentemente, não foi o que ocorreu. Portanto, o presente trabalho traz uma reflexão sobre a permanência da violência contra a mulher na sociedade atual, a despeito das mudanças históricas promovidos pelas lutas feministas e pelos avanços dos Direitos Humanos e leis de proteção à mulher. Trata-se de um estudo bibliográfico, no qual foram mobilizados os conceitos de violência contra mulher e da memória desta à luz dos pensamentos desenvolvidos por Maurice Halbwachs e Paul Ricouer. Pode-se inferir que a memória coletiva engendrada por séculos de dominação seja responsável pela persistência de crenças e práticas que perpetuam a violência.