A gramática foi concebida inicialmente, como uma forma de sistematizar as línguas naturais, devido à suas variações, no entanto, com o passar do tempo ela passou a ditar regras de como falar e escrever bem, passando a elitizar a língua, contrariando o que postulava a princípio. Logo, ela passou a ser tida como um conjunto de normas a serem seguidas pelos falantes, sendo este, o modo “correto” de utilizar a língua, o que contribuiu também para a exclusão das classes sociais que não dominam a norma culta imposta pela Gramática Tradicional (GT). Por outro lado, sabemos que inúmeras exceções fogem às suas regras, fazendo com que gramáticos e linguistas entrem em divergência em suas determinações e afirmações sobre a maneira de conceber a GT e suas contribuições para a compreensão da língua. No presente artigo pretendemos discutir como a gramática tida como tradicional é compreendida e ensinada, demonstrando por meio de uma de suas divergências de classificação e conceituação da análise linguística, em meio á tantas outras, como a gramática é questionável. Utilizaremos, para tanto, as análises classificatórias no que dizem respeito à ocorrência da partícula “se”, em autores como Kury (1999), Cegalla (2000) e Bechara (2010). Refletiremos sobre as problemáticas da própria constituição da gramática e as problemáticas que giram em torno do seu ensino nas escolas.