O presente trabalho articula as representações de luto e de morte durante a velhice, sendo a clínica psicanalítica e a antropologia adotadas como pressupostos teóricos, pela concepção de que o indivíduo não existe separado do social. No tocante à velhice, aqui entendida como processo, o sujeito tece a ideia do aniquilamento de si e dos outros, para tal, uma ferramenta fundamental consiste na elaboração do luto, esse que se apresenta como inerente ao próprio processo da velhice, devido às perdas específicas causadas por esse período da vida. Portanto, o luto se situa como formulação entre o sujeito e a morte. Por mais que a velhice apresente um confronto com essa nova imagem e modo de vida, o sujeito não perde seu modo de gozar, é fruto do investimento levado durante a vida. O intuito do trabalho situa-se em demonstrar a importância do luto através da contraposição as entre o subjetivo (através das lentes da clínica psicanalítica) com o cultural (através da antropologia). A abordagem metodológica empregada foi a pesquisa bibliográfica, qualitativa e com fins exploratórios. Primeiramente, buscou-se uma articulação entre o luto e a velhice, de acordo com a perspectiva psicanalítica, onde o envelhecimento constitui-se um impasse na clínica psicanalítica, por ser um tema tortuoso e espinhoso de lidar, o qual pode mobilizar até afetos negativos e a negação por parte do profissional, além das dificuldades pelos estudiosos no tema, como a falta de bibliografia específica. Em um segundo momento, a morte e a velhice são situadas culturalmente e socialmente, e como estão cada vez mais relegadas ao afastamento em lugares determinados, tais quais os hospitais e os asilos, além da questão da morte social, em que o sujeito velho é desvalorizado, devido ao imperativo do novo e ao declínio das tradições, em que o idoso não é mais situado mais como detentor de um conhecimento, entretanto ultrapassado pelas novidades fugazes, as quais sempre se atualizam.