A doença de Alzheimer, também conhecida como Mal de Alzheimer é caracterizada pela degeneração dos neurônios em caráter progressivo, alterando de forma irreversível a memória, o aprendizado, a estabilidade emocional e a capacidade de comunicação. É responsável por 50-70% das demências em idosos e tem como principais fatores de risco a idade avançada e a depressão. Nas fases mais avançadas da doença, o paciente apresenta comprometimento cognitivo e motor severo, com dependência funcional, se tornando cada vez mais incapacitados de desenvolver certas atividades, como por exemplo, cuidados pessoais básicos (higienizar os dentes). Isso contribui para o surgimento de doenças periodontais, cárie e lesões de mucosa, sendo necessário portanto um acompanhamento regular por um cirurgião dentista odontogeriatra. Este estudo consiste em um relato de experiência, com o intuito de socializar a viabilidade da prática odontológica domiciliar, com resolutividade, junto à população idosa portadora de Alzheimer avançado, sem condições de se submeter a tratamento odontológico convencional. O atendimento odontológico foi realizado na paciente E.V. C. 86 anos, sexo feminino, portadora de Alzheimer em grau intermediário, artrose, hipertensão arterial, com histórico de fratura de fêmur , uso de sete medicações de uso regular. Já apresentava certo grau de desorientação, dificuldade de deambulação, disfagia com dieta, dependência funcional. Ao exame oral foram diagnosticadas lesões cariosas avançadas, inflamação gengival, presença de restos radiculares e edentulismo parcial. Era usuária de prótese dentária, a qual foi abolida, após fratura de dentes pilares por cárie avançada. Inicialmente foi realizada instrução de higiene oral às cuidadoras, incluindo recursos materiais, intrumentais e técnicas de escovação. Após a apresentação do plano de tratamento requisição de exames laboratoriais, bem como contato com o médico geriatra, o tratamento odontológico foi realizado com equipamento portátil na residência da paciente. Foram realizadas profilaxia, cirurgia mucoperiosteal no elemento dentário canino superior direito, a fim de permitir acesso à lesão cariosa e restaurações em vários dentes com cimento de ionômero de vidro reforçado com resina. Exodontias foram indicadas, porém não foram realizadas por opção da família. Foi observado que após o tratamento, a paciente apresentou melhora da saúde bucal, através da remissão dos sintomas dolorosos antes apresentados. Foram recomendadas reavaliações odontológicas semestrais. Conclui-se que a realização de procedimentos restauradores a nível domiciliar é uma realidade possível para o paciente portador de Alzheimer, devendo para isto o cirurgião-dentista adotar um protocolo especial, considerando o estágio evolutivo da doença. Tal prática permite a acessibilidade do paciente limitado funcionalmente ao tratamento odontológico, contribuindo para melhora da saúde bucal e da qualidade de vida.